Brasil

Perícia nega que houve "qualquer adulteração" em áudio, diz PF

O áudio foi utilizado entre as provas referidas pela PF para afirmar que houve crime de obstrução à investigação de organização criminosa por parte de Temer

Temer: segundo a PF, a partir de agora o áudio passa a "servir como elemento de convicção ao presente inquérito" (Ueslei Marcelino/Reuters)

Temer: segundo a PF, a partir de agora o áudio passa a "servir como elemento de convicção ao presente inquérito" (Ueslei Marcelino/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 26 de junho de 2017 às 21h02.

Brasília - Em laudo de 123 páginas, os peritos criminais do Instituto Nacional de Criminalística (INC) concluíram que "não foram encontrados elementos indicativos" de que a gravação da conversa entre o empresário Joesley Batista e o presidente Michel Temer "tenha sido adulterada em relação ao áudio original, sendo a mesma consistente com a maneira em que se alega ter sido produzida".

O áudio foi utilizado entre as provas referidas pela PF para afirmar, no relatório final entregue ao Supremo nesta segunda-feira, 26, que houve o cometimento do crime de obstrução à investigação de organização criminosa por parte de Temer, do ex-ministro Geddel Vieira Lima e do empresário e delator do grupo J&F Joesley Batista.

Sobre laudo, os delegados da Polícia Federal responsáveis pelo inquérito que apura a possível prática dos crimes de organização criminosa, obstrução de Justiça e corrupção passiva pelo presidente Michel Temer afirmam que a análise "afastou a ocorrência de qualquer forma de adulteração, atestando, assim, a legitimidade plena da prova para a instrução criminal".

Segundo a PF, a partir de agora o áudio passa a "servir como elemento de convicção ao presente inquérito".

Para chegar às conclusões sobre a gravação realizada no dia 7 de março, no Palácio do Jaburu, os peritos realizaram quatro tipos de análise: "perceptual e contextual", "formato e estrutura de áudio", "quantitativas" e do "equipamento gravador".

Na análise chamada perceptual, a perícia apontou para 294 descontinuidades no áudio cujo formato é "wave".

Embora tenha apontado para as descontinuidades, o laudo afirma que "não foram observados elementos que, de algum modo, indiquem a existência de adulterações".

Os peritos explicam os gravadores utilizados apresentam um circuito de ativação por nível de intensidade sonora de modo que a armazenagem da gravação só se dá quando "na entrada de seu microfone, um valor mínimo de nível de pressão sonora".

"A partir do momento em que a intensidade sonora cai abaixo de um determinado limiar, o armazenamento de amostras é interrompido, o que produz descontinuidades no fluxo do áudio", diz a perícia.

Ainda segundo o relatório, os trechos "contínuos sucessivos ao longo do áudio questionado (delimitados pelas descontinuidades existentes) apresentam aparente encadeamento lógico de ideias e assuntos que remetem a um diálogo travado entre dois interlocutores, com inicio, meio e fim".

No relatório, os peritos explicam para analisar o áudio se valeram de uma "estação computacional HP Z820, fones de ouvido Roland RH-300, dispositivos de captura e reprodução de áudio Edirol UA-25EX, equipamentos e software capazes de analisar conteúdo de mídias ópticas, dispositivos com memoria flash, e arquivos computacionais de áudio em formato digital, destacando-se a utilização dos softwares Adobe Audition Versão 3.0, Praat 6.0.29, AccessData FTK Imaqer versão 3.4.3.3, Indexador e Processador de Evidência Digitais (IPED) versão 3.12.4, PhotoREC versão 7.0, wxHexEditor 0.23, e Matlab 7.0".

Acompanhe tudo sobre:CorrupçãoDelação premiadaGoverno TemerJBSJoesley BatistaMichel TemerOperação Lava JatoSupremo Tribunal Federal (STF)

Mais de Brasil

Lula anuncia pagamento do Pé-de-Meia e gratuidade dos 41 remédios do Farmácia Popular

Denúncia da PGR contra Bolsonaro apresenta ‘aparente articulação para golpe de Estado’, diz Barroso

Mudança em lei de concessões está próxima de ser fechada com o Congresso, diz Haddad

Governo de São Paulo inicia extinção da EMTU