Brasil

Perdi a segunda dose da vacina contra a covid-19, e agora?

Para garantir a imunidade contra o coronavírus, é fundamental concluir o esquema de vacinação. Veja o que fazer caso esteja em atraso

Campanha de vacinação contra covid-19 (Stephane Mahe/Reuters)

Campanha de vacinação contra covid-19 (Stephane Mahe/Reuters)

GG

Gilson Garrett Jr

Publicado em 12 de agosto de 2021 às 14h19.

Última atualização em 12 de agosto de 2021 às 15h25.

Das quatro vacinas contra a covid-19 em uso no Brasil, três são com esquemas de duas doses. Para garantir que a população esteja 100% protegida, é muito importante respeitar o intervalo descrito na sua carteira de vacinação - dependendo de qual imunizante recebeu a primeira dose (leia mais abaixo). Mas caso tenha esquecido, ficado doente ou perdido a carteira de vacinação, veja o que precisa fazer para ter proteção completa contra o coronavírus.

  • Já imaginou ter acesso a todos os materiais grátis da EXAME para investimentos, educação e desenvolvimento pessoal? Agora você pode: confira nossa página de conteúdos gratuitos.

Se no dia da sua aplicação de segunda dose você tiver febre, ou esteja doente, os médicos recomendam que espere alguns dias até os sintomas passarem. Assim que isso ocorrer, vá a um posto de saúde para receber a segunda aplicação contra a covid-19. Verifique se na sua cidade é necessário um agendamento prévio.

Caso tenha perdido a carteira de vacinação, ou esqueceu a data, e não sabe quando tomou a primeira dose, dentro da plataforma ConecteSUS, do Ministério da Saúde, você consegue verificar a vacina que foi aplicada, lote e em que unidade de saúde. Essas informações são registradas independentemente da cidade em que foi vacinado. Para ter acesso, basta preencher um cadastro e automaticamente suas informações sobre a vacina aparecem ali.

Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações, explica que o atraso da segunda dose pode comprometer não só a imunização individual, mas também coletiva porque cria um ambiente favorável ao surgimento de novas variantes do coronavírus.

“Essa eficácia protetora prometida pelas vacinas nos estudos clínicos só é atingida com duas doses. Nós precisamos de todo o esforço para vacinar mais e também para concluir o esquema. Sem isso, o programa de imunização pode não atingir o seu objetivo principal, que é o controle da doença”, diz.

Renato Kfouri, que é médico infectologista, explica que mesmo que o atraso seja grande, o esquema vacinal não começa do zero, e a primeira dose não é perdida. A orientação é tomar a segunda dose assim que puder.

“Todas as vacinas licenciadas no Brasil são muito seguras, com elevadíssima eficácia da sua forma grave. Dificilmente uma pessoa com o esquema completo vai precisar ser hospitalizada. É um evento extremamente raro. Adiar a vacinação pode representar a diferença entre se proteger e perder a vida”, afirma Kfouri.

Qual o prazo para a segunda dose?

A Coronavac, desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com a chinesa Sinovac, é a que tem um intervalo menor de aplicação no Brasil: 28 dias. O imunizante da Fiocruz/AstraZeneca tem um intervalo de três meses.

A vacina da Pfizer/BioNTech no Brasil é aplicada com um intervalo de três meses, assim como em outros países, como o Reino Unido. A bula do imunizante recomenda 21 dias, mas o próprio fabricante diz que um intervalo maior não compromete a imunização (entenda como as vacinas funcionam).

Eficácia com a segunda dose

Nenhuma vacina tem eficácia de 100%, ou seja, capaz de impedir totalmente o contato com o coronavírus. Apesar disso, elas impedem que a maior parte das pessoas tenha a forma mais grave da covid-19 e, assim, nem precisem de atendimento médico. Um artigo da revista científica Lancet mostra como funciona o cálculo para estabelecer a eficácia das principais vacinas em uso no mundo.

Veja um resumo da eficácia das vacinações contra a covid-19 aplicadas no Brasil após a segunda dose na tabela abaixo:

Pfizer95%
AstraZeneca79%
Coronavac50,38%

*A vacina da Janssen é de dose única e tem 66% de eficácia.

Preciso de uma terceira dose?

Várias pesquisas no mundo estudam se há a necessidade de uma terceira dose de vacina contra a covid-19. A ciência busca responder a duas principais perguntas. A primeira é se haverá a necessidade de uma dose de reforço para grupos mais vulneráveis, como idosos e imunossuprimidos. A segunda questão tenta entender se, com as variantes, a vacinação será anual, como é com a gripe atualmente.

“Não há nenhum dado no horizonte definido de quem vai precisar tomar reforço, de qual grupo, com qual intervalo, se é possível fazer intercâmbio, com formulações diferentes. Hoje é absolutamente prematuro dizer como vai ser a vacinação contra a covid-19 daqui pra frente”, diz Renato Kfouri.

Um estudo recente, conduzido pela Sinovac, fabricante da Coronavac, mostrou que a aplicação de uma terceira dose de seis a oito meses após a segunda induziu uma "forte resposta imunológica", com o nível de anticorpos neutralizantes até cinco vezes maior que após a segunda injeção.

Dimas Covas, presidente do Instituto Butantan, que tem parceria com o laboratório chinês, explica que este estudos não analisam a eficácia das duas doses, e sim a necessidade de uma terceira dose em um ambiente em que o vírus continua circulando e desenvolvendo novas variantes, mais transmissíveis, por exemplo.

“Existe muita confusão de as pessoas acharem que uma terceira dose completa a imunização, e não é disso que estamos falando. Nós estamos nos preparando para ter uma revacinação. Em alguns países, como Israel, já iniciaram essa aplicação. E isso só ocorre após a segunda dose, para atingir a imunidade coletiva”, disse.

Nos cálculos do epidemiologista Pedro Hallal, da Universidade Federal de Pelotas, no Rio Grande do Sul, a imunidade de rebanho só será atingida com, pelo menos, 70% de toda a população vacinada com as duas doses. Ele ainda diz que isso deve ocorrer no fim do ano, provavelmente em dezembro.


Toda semana tem um novo episódio do podcast EXAME Política, que te deixa ainda mais informado sobre a covid-19. Disponível abaixo ou nas plataformas de áudio Spotify, Deezer, Google Podcasts e Apple Podcasts

Acompanhe tudo sobre:AstraZenecaCoronavírusFiocruzInstituto ButantanPandemiaPfizerSinovac/Coronavacvacina contra coronavírus

Mais de Brasil

'Tentativa de qualquer atentado contra Estado de Direito já é crime consumado', diz Gilmar Mendes

Entenda o que é indiciamento, como o feito contra Bolsonaro e aliados

Moraes decide manter delação de Mauro Cid após depoimento no STF

Imprensa internacional repercute indiciamento de Bolsonaro e aliados por tentativa de golpe