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Perdemos uma batalha contra o crime, diz Paraguai após fuga do PCC

Autoridades lamentaram a fuga de 75 presos, a maioria integrantes do PCC, por um túnel subterrâneo da penitenciária paraguaia

PCC: a ministra da Justiça afirmou que alguns detentos levaram eletrodomésticos e outros objetos pessoais antes de abandonar a prisão (Reprodução/Reuters)

PCC: a ministra da Justiça afirmou que alguns detentos levaram eletrodomésticos e outros objetos pessoais antes de abandonar a prisão (Reprodução/Reuters)

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Reuters

Publicado em 20 de janeiro de 2020 às 13h11.

Assunção — O governo do Paraguai disse nesta segunda-feira que perdeu uma batalha contra o crime organizado após uma fuga sem precedentes de 75 presos de uma prisão no norte do país, região de fronteira com o Brasil, que abriu um debate sobre o poder do narcotráfico na região e a corrupção no sistema penitenciário.

Os presos pertencem, em sua maioria, ao Primeiro Comando da Capital (PCC), mais poderosa facção criminosa do Brasil. Eles cavaram um túnel antes de sair no domingo na prisão regional de Pedro Juan Caballero, localizada a 400 quilômetros ao norte de Assunção e que faz fronteira com a cidade de Ponta Porã, em Mato Grosso do Sul.

Funcionários do governo disseram pouco depois de saberem da fuga que houve cumplicidade de funcionários da penitenciária e o ministro do Interior disse que o túnel foi provavelmente um recurso para "legitimar a liberação".

A ministra da Justiça paraguai, Cecilia Pérez, afirmou em entrevista coletiva que alguns detentos levaram eletrodomésticos e outros objetos pessoais antes de abandonar a prisão.

"Que a República do Paraguai tem uma fragilidade em seu sistema penitenciário, não há dúvida, é um fato mais que conhecido... também houve uma aproximação equívoca de parte do sistema de inteligência", reconheceu o secretário-geral da Presidência, Juan Villamayor.

"Esta é uma guerra contra o crime organizado, há batalhas que vamos ganhar... e, bem, perdemos uma", acrescentou o principal assessor do presidente Mario Abdo Benítez a jornalistas.

Além da busca pelos fugitivos, Abdo determinou o reforço da presença policial e militar nas prisões de todo o país, assim como manter contato permanente com as autoridades do Brasil para o controle da fronteira que separa o departamento paraguaio de Ambay com o Mato Grosso do Sul.

A área é considerada região de trânsito para o tráfico de drogas e um lugar de operações de facções criminosas como o PCC e o Comando Vermelho.

Nos últimos anos aumentou o número de presos ligados a esses grupos no Paraguai, assim como as tentativas de fuga e as rebeliões nas superlotadas prisões do país.

O governo paraguaio declarou emergência penitenciária em setembro, pouco depois da fuga do líder do Comando Vermelho em meio a um ataque armado ao veículo que o transportava em Assunção.

Três meses antes, um enfrentamento entre presos do PCC e de um grupo rival numa prisão do departamento de San Pedro deixou 10 detentos mortos, vários deles decapitados.

"Há muitos responsáveis diretos, cúmplices e acobertadores dentro do mesmo governo e de seu sistema de segurança... o crime organizado se apoderou das instituições do Paraguai", disse o presidente do Partido Liberal, de oposição, Efraín Alegre, em pronunciamento.

Villamayor, por sua vez, disse: "Em política, as batalhas perdidas serão mais importantes que as vencidas. Mas a cidadania tem que estar tranquila, a guerra contra o crime organizado vai continuar."

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