Manifestante com cara pintada e bandeira do Brasil em protesto contra Dilma Rousseff em Brasília (Ueslei Marcelino/Reuters)
Luiza Calegari
Publicado em 21 de fevereiro de 2018 às 14h00.
Última atualização em 21 de fevereiro de 2018 às 17h33.
São Paulo – A percepção dos brasileiros sobre a corrupção no país piorou entre 2016 e 2017, de acordo com levantamento da ONG Transparência Internacional.
Se em 2016 o Brasil ocupava a 79ª posição em um ranking de 180 países, no ano passado o país caiu para o 96º lugar – perdendo, portanto, 17 posições.
Essa é a pior situação do país no ranking nos últimos cinco anos, segundo a Transparência Internacional. A posição do Brasil vem piorando desde 2014, segundo a Transparência Internacional, mas no ano passado tinha se estabilizado.
O fenômeno é comum quando há investigações sendo abertas: a percepção de corrupção piora por um momento, depois se estabiliza e tende a melhorar, se o combate se mostrar efetivo – mas não foi o que aconteceu aqui.
Em termos numéricos, a Transparência Internacional adota uma pontuação que vai de 0 a 100. Quanto mais próximo de zero, maior a percepção da corrupção em um país; quanto mais próximo de 100, maior a percepção de integridade.
Por esse critério, a percepção de corrupção no Brasil teve queda de 3 pontos, passando de 40 em 2016 para 37 em 2017.
Em relação à América Latina, o Brasil está empatado com Peru, Colômbia e Panamá, muito atrás de países como Chile (em 26º no ranking global) e Argentina (em 85º), mas à frente de México e Paraguai (ambos em 135º) e da Venezuela (que está em 169º no ranking global).
Veja o desempenho do país em relação a outras nações:
Posição | País | Pontuação |
---|---|---|
1 | Nova Zelândia | 89 |
2 | Dinamarca | 88 |
3 | Finlândia | 85 |
3 | Noruega | 85 |
3 | Suíça | 85 |
91 | Albânia | 38 |
91 | Bósnia e Herzegovina | 38 |
91 | Guiana | 38 |
91 | Sri Lanka | 38 |
91 | Timor-Leste | 37 |
96 | Brasil | 37 |
96 | Colômbia | 37 |
96 | Indonésia | 37 |
96 | Panamá | 37 |
96 | Peru | 37 |
96 | Tailândia | 37 |
179 | Sudão do Sul | 12 |
180 | Somália | 9 |
Para a Transparência Internacional, em 2016 o Brasil estava em uma encruzilhada diante da operação Lava Jato: ou ela se aprofundava e a confiança nas instituições avançava, ou seria paralisada pelas "forças que buscam estancar este processo".
Aparentemente, aconteceu a segunda opção. A entidade afirma que o combate à corrupção parece, no momento, “estar em risco”.
A melhor alternativa, agora, segundo a ONG, seria atacar o problema de forma estrutural, já que a piora da percepção de corrupção está ligada à falta de iniciativas que mostrem que a vigilância sobre os malfeitos será constante.
“Não houve em 2017 qualquer esboço de resposta sistêmica ao problema; ao contrário, a velha política que se aferra ao poder sabota qualquer intento neste sentido. Se as forças que querem estancar a sangria se mostram bastante unidas, a população se divide na polarização cada vez mais extremada do debate público, o que acaba anulando a pressão social e agravando ainda mais a situação”, afirma Bruno Brandão, representante da Transparência Internacional no Brasil.