PMDB: de 98 investigados da lista de Fachin, 17 são do PMDB (Jamil Bittar/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 18 de abril de 2017 às 10h38.
Última atualização em 18 de abril de 2017 às 13h37.
Brasília - Com o partido fortemente atingido pela lista de Fachin, deputados do PMDB começam a articular a saída da legenda. Pelo menos seis dos 64 integrantes da bancada, a maior da Câmara, admitiram à reportagem que já conversam com outras siglas para onde possam migrar.
Segundo eles, o número de parlamentares que devem deixar o PMDB é maior, pois muitos preferem manter a articulação sob sigilo. O próximo período previsto para mudança partidária sem risco de perder o mandato é em março de 2018, seis meses antes das eleições.
Entre os motivos apresentados estão os efeitos da Operação Lava Jato no eleitorado, reforçado pela lista de inquéritos autorizados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin com base nas delações da Odebrecht, que atingiu oito ministros do governo Michel Temer. Dos 98 investigados da lista, 17 são do PMDB. A legenda só fica atrás do PT, que tem 20 investigados.
Peemedebistas que pensam em deixar a legenda citam também a agenda do governo considerada por eles impopular e a falta de uma estratégia política para as eleições de 2018.
O movimento é mais forte na bancada do Rio, a maior dentro do PMDB, com 11 dos 64 deputados. No Estado, algumas da principais lideranças do partido estão presas, como o ex-governador Sérgio Cabral e o deputado cassado Eduardo Cunha.
Um dos que articulam deixar a legenda é o deputado Celso Pansera (RJ). Ex-ministro da Ciência e Tecnologia do governo Dilma Rousseff, que aderiu ao governo Temer após o impeachment da petista, ele diz procurar um partido "mais à esquerda". "O quadro nacional é muito ruim e o local é desesperador", afirmou. Um dos partidos com que conversa é o PDT.
O movimento também atinge as bancadas do Paraná e Minas Gerais. Segundo vice-presidente nacional do PMDB, o deputado João Arruda (PR) admitiu que está conversando com o PDT.
"A verdade é o seguinte: o projeto do PMDB hoje é terminar o mandato do Michel. O PMDB não tem projeto para depois desse governo. Não tem projeto para eleger governadores, presidente, enquanto outros partidos têm projeto definido", disse. Ele também citou como motivo para deixar a sigla a agenda de reformas "impopulares" do governo.
Na bancada mineira, a segunda maior do PMDB, com seis deputados, pelo menos dois admitiram que podem deixar o PMDB, entre eles, Leonardo Quintão. "A maioria dos outros partidos está estruturando as campanhas para 2018, só a gente que não. O jogo está desigual."
Um dos parlamentares mais próximos de Temer, o líder do PMDB na Câmara, Baleia Rossi (SP), disse desconhecer qualquer movimento de saída. "Ninguém falou nada", afirmou.
Deputados articulam a aprovação junto com a reforma política em discussão no Congresso de um amplo período que permita a todos os atuais parlamentares mudarem de partido sem perder o mandato. Pela legislação, o próximo período para mudança partidária é março de 2018, seis meses antes das eleições, e vale para deputados estaduais e federais que disputarão o pleito.
A ideia é ampliar a permissão para vereadores. "Muita gente quer estabelecer uma janela geral. Se você está aprovando uma reforma nova, tem de zerar tudo", disse o presidente da comissão da reforma política na Câmara, Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA).
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.