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Pedro Paulo (PMDB): pela continuidade no Rio  

Camila Almeida As campanhas municipais começaram esta semana em todo o Brasil. Mas, no Rio de Janeiro, nenhuma campanha deve acelerar até o fim das Olimpíadas, no domingo. Nos últimos anos, a cidade se tornou um grande canteiro de obras para receber os jogos. Para sua sucessão, a atual prefeito Eduardo Paes (PMDB) escolheu lançar […]

PEDRO PAULO: o candidato do PMDB deve, mais uma vez, ser o alvo preferido dos adversários  / Divulgação

PEDRO PAULO: o candidato do PMDB deve, mais uma vez, ser o alvo preferido dos adversários / Divulgação

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Da Redação

Publicado em 19 de agosto de 2016 às 20h55.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h10.

Camila Almeida

As campanhas municipais começaram esta semana em todo o Brasil. Mas, no Rio de Janeiro, nenhuma campanha deve acelerar até o fim das Olimpíadas, no domingo. Nos últimos anos, a cidade se tornou um grande canteiro de obras para receber os jogos. Para sua sucessão, a atual prefeito Eduardo Paes (PMDB) escolheu lançar o seu secretário de Casa Civil como candidato. A escolha foi criticada: Pedro Paulo se envolveu em um escândalo de violência doméstica. Em 2010, Alexandra Marcondes Teixeira, esposa do candidato na época, registrou um boletim de ocorrência, um laudo pericial e uma confissão pública denunciando as agressões sofridas. Apesar de ter sido enquadrado na Lei Maria da Penha, o caso acabou arquivado, esta semana, pelo Supremo Tribunal Federal. Livre do peso das denúncias, Pedro Paulo começa a campanha em meio à euforia das Olimpíadas. Nas pesquisas, não larga bem: está em quinto, aparecendo atrás de Marcelo Crivella (PRB), Marcelo Freixo (PSOL), Flávio Bolsonaro (PSC) e Jandira Feghali (PCdoB), de acordo com pesquisa do Instituto Paraná, divulgada em agosto. Pela primeira vez, o carioca disputa a prefeitura, após dois mandatos de deputado federal e um de deputado estadual. Pedro Paulo concedeu a seguinte entrevista a EXAME Hoje.

O senhor não está tão bem nas pesquisas apesar de ser o candidato do prefeito. O eleitorado está insatisfeito com a gestão do Paes?
A campanha começa a ser efetivamente percebida pelo eleitor quando muda o horário da novela, que é a partir do dia 26 de agosto. Ainda mais aqui no Rio, que a gente está aqui com Olimpíada, depois Paralimpíada, não faz sentido querer concorrer com o Bolt. Não tem campanha agora. Essas pesquisas são a fotografia do ponto de partida dos candidatos. Tem gente que foi candidato a prefeito e a governador, como o Crivella. Tem candidato que nem recall tem, como o Freixo, que foi candidato contra o prefeito, fez 28% dos votos e agora tem 11% de largada agora. Os outros candidatos estão no patamar das campanhas para deputado: a minha, da Jandira, do Molon, do Bolsonaro. Está muito fria a campanha eleitoral ainda. Mas esse é o patamar em que começou o Eduardo Paes em 2008, o Pezão, em 2014, e deu no que deu.

Como as Olimpíadas se refletem no que o senhor vai apresentar na campanha?
As Olimpíadas estão mostrando a capacidade de um evento deixar legado para a cidade. Os três principais destaques são o Boulevard Olímpico, um legado da região portuária, a fluidez da mobilidade e a qualidade dos equipamentos olímpicos, todos feitos praticamente com investimento privado. Fizemos uma Olimpíada do tamanho certo. As pessoas que estão circulando pela cidade estão percebendo que existe uma transformação. Tem uma mudança de humor, mas não é pelo evento em si. Veja a Copa do Mundo. O evento funcionou, mas era feito nos estádios. A Olimpíada está provando que a cidade é um sucesso também. Isso obviamente reflete na aprovação do governo e é positivo para a minha campanha, na medida em que eu sou o candidato que representa, mais do que todos os outros, a continuidade no Rio.

O estado do Rio de Janeiro decretou calamidade pública por escassez de recursos. Como a prefeitura vai garantir governabilidade nesse cenário de crise?
A prefeitura já tem governabilidade. A Olimpíada foi entregue com responsabilidade em todos os projetos e com soluções inteligentes. Acredito que manter as concessões e as PPPs é a nova ordem. Conseguimos manter a saúde fiscal da prefeitura, o que é mais um legado que provamos para o mundo: é possível fazer Olimpíada economizando recursos e ainda reduzir endividamento. A cidade termina os jogos em equilíbrio, e isso permite manter um ciclo de desenvolvimento pelos próximos quatro anos. A prefeitura aumentou muito sua capacidade de endividamento. Em dezembro de 2008, a dívida ficava em torno de 72% das nossas receitas. Hoje, ela é menos de 40%. A Lei de Responsabilidade Fiscal permite um endividamento de até 120%.

As Unidades de Polícia Pacificadora estão em colapso e, além disso, os cariocas estão se sentindo inseguros na cidade. Não é a hora de a prefeitura assumir mais responsabilidades na segurança pública?
A gente vê é um aumento considerável de roubo e furto, mas não de homicídio, e é um problema que se agravou no último ano e meio por conta da situação fiscal do estado. Mas eu acho que essa é uma nova agenda do prefeito. Eu vou entrar na segurança urbana com o patrulhamento preventivo e equipar a guarda para esse tipo de trabalho, com armamento não letal e letal. Chamamos de porte de arma funcional, um exemplo que estamos vendo na Colômbia, em que o guarda tem porte de arma apenas das 8h às 18h. Vamos identificar os pontos onde há maior incidência de roubo e furto e o guarda municipal vai atuar junto com a polícia militar nas áreas de maior risco. Então, a guarda vai fazer o trabalho completo: proteger o patrimônio, a ordem pública e fazer patrulhamento preventivo.

 

O colapso das UPPs não manchou a imagem do PMDB nessas comunidades?
Pelo contrário. Até o final desse ano todas as crianças do Complexo da Maré estarão em horário integral. Isso é um baita investimento para que a gente possa ter menos UPP no futuro. As pessoas na comunidade não estão olhando para partido. As pessoas querem ver resultados, investimentos. O que vai estar em jogo nesta eleição é quem vai ter a capacidade não só de se comprometer, mas de entregar, com experiência para fazer as promessas virarem realidade nos próximos quatro anos.

Quem é o eleitor do Pedro Paulo?
Meu eleitor está na cidade inteira. Nosso governo teve, ao longo dos últimos oito anos, uma concentração muito grande dos investimentos na Zona Norte e na Zona Oeste. No meu programa de governo, estão previstos os 33 bilhões de reais em investimentos, e dois terços deles vão para as comunidades dessas regiões. Até porque eu acho que isso é a solução para a cidade; ela não vai vencer se não continuar reduzindo as suas desigualdades e gerar mais oportunidades.

O PMDB não é exatamente popular. O presidente interino Michel Temer tem altos índices de desaprovação, há denúncias de corrupção contra Eduardo Cunha e Renan Calheiros. O ex-governador Sério Cabral é alvo da Lava-Jato. Isso não atrapalha sua campanha?
O eleitor faz a avaliação de quem é o candidato a prefeito. Essa questão ética não é coletiva, é individual. Vão olhar para minha história, minha experiência, o que a gente já fez pela cidade. Acho que o governo Temer está recuperando a capacidade de o país crescer e tem feito, na minha opinião, os movimentos corretos do ponto de vista econômico. Tenho certeza que Rodrigo Maia, como presidente da Câmara, vai encaminhar as propostas que o Brasil precisa. Se o presidente Temer quiser vir para o meu palanque aqui no Rio de Janeiro, para mim vai ser uma honra, porque aqui no Rio a gente vai trabalhar em parceria com o governo federal, com o governo estadual, para que a cidade continue ganhando.

Qual é a prioridade para o Rio hoje?
Colocar todas as crianças em horário integral. Essa é minha prioridade 000. Se você me perguntar “como você quer visto como prefeito daqui a quatro anos?”, eu vou responder que quero ser o prefeito que colocou todas as crianças em horário integral. Nós vamos fazer mais 314 escolas nos próximos 4 anos para atingir essa meta na maior rede de ensino municipal do país, com 650.000 alunos.

No Rio, a campanha está muito pulverizada. Esse cenário revela um cenário político local conturbado, com problemas de coligação?
Claro que temos muitos candidatos, mas é importante notar que aqui não tem candidato à reeleição. Toda vez que a gente tem uma mudança de ciclo é assim. Tem uma fragmentação que é natural da política. Mas, ainda assim, a minha candidatura reúne 15 partidos e minha coligação é a maior de todas. Isso me permitiu ter um terço do tempo de televisão e um exército de candidatos nas ruas pedindo votos para a minha candidatura.

 

Em relação à denúncia de violência doméstica…
O processo foi arquivado. É um não-assunto.

Como é sua relação com o eleitorado feminino?
Uma relação normal. Por que teria que ser diferente, se eu fui acusado de uma coisa que eu não cometi? O que não pode é fazer um pré-julgamento de alguém que está sendo inocentado, principalmente pela Polícia Federal, que não perdoa ninguém. Que pegou presidente, ex-presidente. Ou seja, minha ex-mulher já fez o depoimento me inocentando, a testemunha do caso também fez a mesma coisa me inocentando, os técnicos, os peritos que analisaram já fizeram um depoimento me inocentando, corrigindo inclusive os erros técnicos cometidos.

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