Penitenciaria de Pedrinhas, Maranhão: local vive a segunda grande fuga de presos em uma semana (Arquivo/Ministério Público do Maranhão)
Da Redação
Publicado em 17 de setembro de 2014 às 12h27.
Brasília - Presos do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís (MA), escaparam durante a madrugada de hoje (17), por um túnel cavado a partir do Presídio São Luís 1, um dos oito estabelecimentos que compõem o complexo. Hoje pela manhã, câmeras de televisão flagraram novo tumulto, durante o qual alguns detentos tentaram escapar pulando o muro, mas foram impedidos por policiais.
As autoridades maranhenses ainda não sabem quantos detentos fugiram, mas estimam que ao menos dez presos tenham conseguido escapar. Segundo a assessoria da Secretaria de Justiça e Administração Penitenciária do Maranhão (Sejap), a recontagem dos internos será feita assim que a situação for controlada.
Esta é a segunda grande fuga de presos de Pedrinhas em uma semana. No último dia 10, 36 detentos deixaram o Centro de Detenção Provisória (CDP) da penitenciária depois que bandidos obrigaram o motorista de um caminhão a dirigir o veículo contra o muro do complexo, abrindo um grande buraco no concreto. Segundo a assessoria da Sejap, apenas três dos fugitivos haviam sido capturados. Durante a confusão, quatro detentos ficaram feridos e um foi recapturado.
Palco de frequentes rebeliões, fugas, brigas e assassinatos de presos, Pedrinhas já contabiliza 16 detentos mortos só neste ano. O último homicídio no interior do presídio foi confirmado nesse final de semana. Segundo a Sejap, Eduardo Cesar Viegas Cunha foi morto na Central de Custódia de Presos de Justiça (CCPJ). Um inquérito policial foi instaurado para apurar as circunstâncias da morte. Segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ao menos 60 internos foram assassinados no interior da unidade durante o ano passado.
Nessa segunda-feira (15), o diretor do Casa de Detenção, Cláudio Barcelos, foi detido preventivamente, suspeito de facilitar a fuga de presos. Segundo a Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic), órgão da Polícia Civil, ao menos dez presos podem ter pago para que o diretor da unidade os deixasse escapar. Entre os presos a quem o diretor teria facilitado a fuga estão os assaltantes de bancos Paulo Leandro Maciel da Silva, Rodrigo Bezerra Lima Nunes e José Wilson Pereira. Ainda de acordo com a Seic, o próprio diretor admitiu o esquema de facilitação de fugas ao prestar depoimento. As autoridades maranhenses investigam a possível participação de outros servidores e funcionários.
"[As provas] Mais significativas [de sua atuação] são a documentação em que o diretor autoriza a saída de presos de dentro do sistema penitenciário sem o conhecimento do juiz da Vara de Execução Penal. Ele próprio se arvorava dessa função e autorizava a saída de detentos. Inclusive de condenados ao regime fechado", disse o delegado Luís Jorge, da Seic, à equipe do telejornal Repórter Brasil, da TV Brasil.
Após a prisão de Cláudio Barcelos, o vice-presidente do Sindicato dos Servidores do Sistema Penitenciário do estado, César Castro Lopes, disse à Agência Brasil que o episódio revela que, ao contrário do que já declararam o secretário de Justiça e Administração Penitenciária, Sebastião Uchôa, e pessoas próximas a ele, a eventual corrupção de agentes e inspetores penitenciários concursados não é a principal causa das constantes fugas, rebeliões e assassinatos de presos.
“A crise do sistema penitenciário maranhense tem uma única causa: falta gestão”, disse o sindicalista. Segundo ele, “a maioria dos responsáveis pelas unidades mais problemáticas do estado – como as que compõem o Complexo de Pedrinhas – não faz parte do quadro de servidores de carreira da administração penitenciária. São pessoas de confiança do secretário e do governo. Logo, também podemos dizer que a principal fonte de corrupção, se houver, não está entre os servidores, mesmo que seja confirmado o envolvimento de algum deles”.