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Pedido de prisão de Lula pelo MP de São Paulo cita Nietzsche

Em um dos parágrafos justificando o pedido de prisão, os promotores citam trecho da obra "Assim falou Zaratrusta"


	Friedrich Nietzsche: "Tenho visto a nu todos os homens, o maior e o menor. Parecem-se ainda demais uns com os outros: até o maior era demasiado humano."
 (Hulton Archive/Getty Images)

Friedrich Nietzsche: "Tenho visto a nu todos os homens, o maior e o menor. Parecem-se ainda demais uns com os outros: até o maior era demasiado humano." (Hulton Archive/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 10 de março de 2016 às 21h50.

Brasília - O pedido de prisão preventiva apresentado pelo Ministério Público de São Paulo contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quinta-feira cita o filósofo alemão Friedrich Nietzsche para sustentar que todos são iguais perante a lei.

Lula é acusado pelos três promotores que assinam o pedido de prisão preventiva - Cássio Conserino, José Carlos Blat e Fernando Henrique Araújo - pelos crimes de falsidade ideológica e lavagem de dinheiro no caso sobre o apartamento tríplex do Guarujá.

Em um dos parágrafos que justifica o pedido, os promotores começam dizendo. "Nunca houve um Super-homem. Tenho visto a nu todos os homens, o maior e o menor. Parecem-se ainda demais uns com os outros: até o maior era demasiado humano."

A denúncia esclarece que se trata de uma citação do textual do livro "Assim falou Zaratustra", de Nietzsche. Os promotores consideram o trecho como fundamental, já que "de forma muito razão estabelece que todos os seres humanos estão no mesmo plano".

O objetivo é mostrar que todos são iguais perante a lei para justificar o pedido de prisão preventiva. Eles alertam sobre determinadas condutas atribuídas ao ex-presidente desde o momento em que começou a ser investigado.

Entre outros pontos, os promotores afirmam que Lula, como ex-presidente, "jamais poderia inflamar a população a se voltar contra investigações criminais a cargo do Ministério Público, da Polícia, tampouco contra decisões do Poder Judiciário".

"E foi isso que o denunciado fez, valendo-se de toda sua 'força político-partidária', ao convocar entrevista coletiva após ser conduzido coercitivamente para ser ouvido em etapa da Operação Lava-Jato", acrescenta o texto do pedido de prisão preventiva.

Além disso, os promotores alegam que os apoiadores do ex-presidente, "com sua defesa pública e apoio até mesmo da presidente da República", Dilma Rousseff, podem promover "manobras violentas", elevando Lula a um patamar "acima da lei, algo inaceitável no Estado Democrático de Direito".

O pedido de prisão preventiva do ex-presidente será analisado pela 4ª Vara Criminal de São Paulo. Não há prazo legal para a Justiça se pronunciar sobre o fato.

Tanto a denúncia apresentada ontem como o pedido de prisão de hoje foram contestados. As críticas começaram em janeiro, quando Conserino afirmou à imprensa que já existiam "sérios indícios" para apresentar uma acusação formal contra Lula.

Desde então, o ex-presidente acusou os promotores de terem "motivação política". O Instituto Lula elevou o tom das críticas hoje, em comunicado, após a divulgação do pedido de prisão preventiva.

"O promotor paulista que antecipou sua decisão de denunciar Luiz Inácio Lula da Silva antes mesmo de ouvir o ex-presidente dá mais uma prova de sua parcialidade ao pedir a prisão preventiva de Lula", disse o Instituto Lula em comunicado.

"Cássio Conserino, que não é o promotor natural deste caso, possui documentos que provam que o ex-presidente Lula não é proprietário nem de tríplex no Guarujá nem de sítio em Atibaia, e tampouco cometeu qualquer ilegalidade. Mesmo assim, solicita medida cautelar contra o ex-presidente em mais uma triste tentativa de usar seu cargo para fins políticos", completou a nota. EFE

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