Free flow: O sistema opera eletronicamente (Paulo Fridman/Corbis/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 25 de abril de 2023 às 06h31.
O trecho norte do Rodoanel Mário Covas, corredor rodoviário que circunda a capital paulista, terá cobrança de pedágio por quilômetro rodado, sem a necessidade de passagem por cabines. O sistema de free flow (fluxo livre) utiliza sensores para calcular a tarifa conforme a extensão rodada pelo motorista. O equipamento possui câmera que faz a leitura das placas e identifica as características do veículo, já que a tarifa é diferenciada para carros, caminhões e motos.
De acordo com o governo estadual, a tecnologia elimina a necessidade de o motorista parar nas praças de pedágio, reduzindo o tempo de viagem e eventuais congestionamentos. Conforme o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), o objetivo é instalar o sistema nas demais rodovias concedidas do Estado.
Desde o final de março, um trecho da Rio-Santos, que interliga o litoral norte de São Paulo e o litoral fluminense, já opera com o sistema de fluxo livre. O trecho é de concessão federal e a operação pelo sistema de free flow foi autorizada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) em trechos entre Paraty e Mangaratiba, no Rio.
O sistema opera eletronicamente. Quando o veículo passa pelo pórtico, as câmeras com tecnologia CCR (sigla em inglês para reconhecimento ótico de caracteres) fazem a leitura das imagens frontal e traseira das placas. Um scanner a laser faz a identificação e o dimensionamento dos veículos em tempo real, capturando as características como altura, largura, comprimento, trajeto e velocidade dos usuários - de motos a carretas.
Antenas de identificação e câmeras de monitoramento repassam as informações para um sistema central, responsável por receber e processar os dados. Os usuários que possuem os dispositivos de pagamento automático (Tags) instalados no para-brisa terão o valor lançado na conta. Os que não possuem Tag pagarão a tarifa posteriormente, por meio de uma plataforma digital que será implementada pela concessionária.
O governo paulista realizou o leilão de concessão do trecho norte do Rodoanel à iniciativa privada no dia 14 de março. O lote foi vencido pela Via Appia FIP Infraestrutura. O grupo, que venceu outros três concorrentes, vai explorar a concessão pelo prazo de 31 anos. A empresa ficará responsável pela retomada e conclusão da obra, paralisada desde 2018. O projeto está orçado em R$ 3,4 bilhões, de acordo com governo estadual, e as obras devem ser concluídas no segundo semestre de 2026. A ideia é que o sistema de cobrança de pedágio por quilômetro rodado funcione a partir da inauguração.
Está prevista a construção de sete túneis duplos, 107 obras de arte, quatro paradas de cargas especiais, duas bases de atendimento ao usuário, dois postos de fiscalização, e duas balanças de pesagem, além de sistemas de câmera, socorro e de apoio operacional ao longo do trecho de 44 quilômetros. Com a conclusão do trecho norte, o Rodoanel passará a contar com 175 quilômetros de extensão.
A rodovia é dividida em quatro trechos, construídos em etapas separadas. O primeiro a ser aberto, o Rodoanel Oeste, começou a ser construído em 1998 e foi inaugurado em 2002. O trecho sul foi aberto em 2010 e o leste, em 2014. Atualmente existem praças de pedágio na divisa entre cada trecho e na saída para cada uma das rodovias interligadas pelo anel viário.
A construção do trecho norte do Rodoanel foi iniciada em 2013 e está paralisada desde 2018. A obra foi orçada inicialmente em R$ 4,3 bilhões, mas, até 2019, já tinha consumido cerca de R$ 6,85 bilhões, tendo se tornado alvo de investigação por suspeitas de superfaturamento e corrupção.