Brasil

‘PEC da Transição’ deve ser enxugada na Comissão de Constituição e Justiça do Senado

Prazo e custo da proposta que permite Bolsa Família de R$ 600 em 2023 devem cair

A expectativa é que a PEC seja votada na comissão e no plenário na próxima semana, no máximo na quarta-feira. Depois, o texto irá para a Câmara. (Edilson Rodrigues/Agência Senado)

A expectativa é que a PEC seja votada na comissão e no plenário na próxima semana, no máximo na quarta-feira. Depois, o texto irá para a Câmara. (Edilson Rodrigues/Agência Senado)

AO

Agência O Globo

Publicado em 30 de novembro de 2022 às 15h41.

O texto da “PEC da Transição”, proposta de Emenda à Constituição que abre espaço no Orçamento de 2023 para uma série de gastos, deve ser desidratada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.

O projeto permite o pagamento do Bolsa Família de R$ 600, entre outras despesas, e é prioridade do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que passou a comandar pessoalmente as negociações. Hoje, a PEC tem um impacto de R$ 198 bilhões durante quatro anos.

Lula se reúne com Lira e Pacheco em meio a negociações por 'PEC da Transição

Presidente da CCJ, o senador Davi Alcolumbre (UB-AP), deve avocar para si a relatoria da PEC. Ele pretende passar os próximos dias negociando o texto. A expectativa é que a PEC seja votada na comissão e no plenário na próxima semana, no máximo na quarta-feira. Depois, o texto irá para a Câmara.

Alcolumbre pretende negociar a PEC também com a Câmara antes de colocá-la em votação no Senado. O objetivo é evitar que o texto seja alterado pelos deputados, o que obrigaria uma segunda análise pelo Senado.

De acordo com parlamentares, Alcolumbre já começou a negociação para enxugar o texto. Hoje, a proposta permite o Bolsa Família fora do teto de gastos por quatro anos. Esse prazo deve ser reduzido para dois. O PT avalia que o prazo de um ano, defendido por alguns senadores, é muito curto.

Novo governo: Ministério de Lula pode ser o segundo maior da América Latina, atrás somente da Venezuela

O Bolsa Família fora do teto tem um impacto anual de R$ 175 bilhões. A proposta orçamentária de 2023 prevê apenas R$ 105 bilhões para o programa. O objetivo do PT, ao tirar todo o programa do teto, é usar esse dinheiro para outras despesas, como investimentos, educação e saúde.

Outros R$ 23 bilhões de impacto da PEC vem da permissão para investimentos fora do teto. No Senado, a saída desse trecho já é dada como certa. O PT, porém, insiste em uma PEC que tire todo o Bolsa Família do teto, por entender que há muitas despesas no Orçamento que precisam ser recompostas.

Reginaldo Lopes: Líder do PT admite que ‘PEC da Transição’ pode liberar gastos deste ano, abrindo caminho para orçamento secreto

O partido pode ainda ceder e fixar o valor de R$ 175 bilhões na PEC, o que hoje está aberto e gera dúvidas por parte de senadores e do mercado.

Lula negocia

Nesta terça-feira, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), reconheceu que o prazo da PEC pode cair para dois anos.

— Pode ser que seja a decisão da maioria do Senado (redução), mas isso realmente depende da apreciação da Comissão de Constituição e Justiça — disse. — Não necessariamente o final será igual ao início. Poderá haver alterações que serão amadurecidas, especialmente com relação ao prazo de excepcionalização do programa social.

Lula está em Brasília desde segunda-feira para negociar pessoalmente a PEC. Na terça-feira, ele recebeu diversos parlamentares no hotel onde está hospedado, e não na sede do governo de transição, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Lula com isso consegue mais discrição e consegue focar nas conversas também sobre a formação da base aliada.

Parlamentares próximos ao presidente afirmam que a presença dele é fundamental para dar segurança para os acordos políticos.

PEC de Tasso

Nos últimos dias, o PT passou a considerar a possibilidade de usar uma PEC apresentada pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) como base para a "PEC da Transição". A proposta de Tasso autoriza R$ 80 bilhões em gastos extras, mas dentro do teto — na prática, o texto ficaria maior.

Esse valor é considerado baixo pelo PT, porém. Outro ponto que prejudica a PEC de Tasso é o modelo de permitir gastos dentro do teto, de maneira que a proposta tem uma duração indefinida.

Outro ponto que está sendo negociado é indicar, na PEC, um prazo para o novo governo apresentar um projeto para substituir o teto de gastos. A ideia seria instituir uma nova regra fiscal para o país, numa maneira de demonstrar compromisso com as contas públicas no médio prazo.

LEIA TAMBÉM: 

Acompanhe tudo sobre:economia-brasileiraLuiz Inácio Lula da SilvaSenado

Mais de Brasil

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Poluição do ar em Brasília cresceu 350 vezes durante incêndio

Bruno Reis tem 63,3% e Geraldo Júnior, 10,7%, em Salvador, aponta pesquisa Futura

Em meio a concessões e de olho em receita, CPTM vai oferecer serviços para empresas