Pazuello: após aprovada, a vacina estará disponível nos 38 mil postos espalhados pelo país que já fazem parte do Plano Nacional de Imunização (Isac Nóbrega/PR/Flickr)
André Martins
Publicado em 22 de dezembro de 2020 às 22h11.
O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse que, no final de janeiro, alguns grupos prioritários devem começar a receber a primeira dose da vacina contra a covid-19 e que a vacinação em massa deve começar a partir de fevereiro. Pazuello deu entrevista ao programa Brasil em Pauta, da TV Brasil, que vai ao ar no domingo (27), às 19h30.
"Nós vacinaremos todos os brasileiros de forma igualitária, de forma proporcional ao número de pessoas por estado e de graça. Confiem na estrutura do SUS [Sistema Único de Saúde], confiem que aqui existem pessoas que estão realmente trabalhando diuturnamente para que a gente tenha a vacina distribuída o mais rápido possível e a todos os brasileiros", disse o ministro.
Pazuello também afirmou que a vacina será voluntária e gratuita.
Até o momento, nenhuma vacina contra a covid-19 foi aprovada para uso no país pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o país tem contrato “com quatro a cinco laboratórios”, sendo que três vacinas estão na última fase de estudos no Brasil: da Astrazeneca, da Pfizer e da Janssen. Segundo Pazuello, o governo está trabalhando para que o país tenha uma vacina registrada o mais rápido possível.
Segundo o Plano Nacional de Imunização, nas primeiras fases serão vacinados grupos específicos, como trabalhadores da saúde, idosos, pessoas com comorbidades, profissionais de segurança, indígenas e quilombolas, por exemplo. A expectativa de Pazuello é que a vacinação chegue aos demais públicos da população cerca de quatro meses após a vacinação dos grupos prioritários.
“São quatro grandes grupos prioritários e, após esses grupos prioritários, que a gente visualiza 30 dias para cada grupo prioritário, a gente começa a vacinar a população dentro das faixas etárias”, disse Pazzuelo.
Segundo o ministro, esses 30 dias seriam suficiente para se aplicar a duas doses da vacina.
Após aprovada, a vacina estará disponível nos 38 mil postos espalhados pelo país que já fazem parte do Plano Nacional de Imunização.
A expectativa do Ministério da Saúde é que, nos próximos meses, o País tenha acesso a 258,4 milhões de doses de várias vacinas contra o coronavírus. O secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Medeiros, disse que parte desse volume já começa a chegar a partir de janeiro.
Segundo Medeiros, a expectativa é ter 42 milhões de doses do consórcio Covax Facility; 100,4 milhões da vacina de Oxford; e 70 milhões da vacina da Pfizer. A Coronavac, produzida pela chinesa Sinovac e o Instituto Butantan, somaria mais 46 milhões de doses, das quais 9 milhões seriam entregues em janeiro, 15 milhões em fevereiro e 22 milhões em março de 2021. Medeiros disse que há uma negociação em andamento para ampliar o contrato da Coronavac para 100 milhões de unidades. O volume já firmado até o momento totaliza 258,4 milhões de doses.
A Fundação Oswaldo Cruz, conhecida como Fiocruz, pretende entregar um primeiro lote de 1 milhão de doses da chamada "vacina de Oxford" na semana de 8 de fevereiro de 2021. A informação foi dada durante audiência pública realizada nesta terça-feira, 22, pela Comissão Externa da Câmara que acompanha as ações contra a covid-19.
Segundo a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, a meta é produzir mais 1 milhão de doses na segunda semana de fevereiro e a partir daí, estabelecer uma meta de 700 mil doses diárias do imunizante, que é fabricado em parceria com a Universidade de Oxford e a empresa AstraZeneca.
Nísia Trindade Lima disse que uma reunião com a cúpula da farmacêutica AstraZeneca será feita para decidir se, além da produção da Fiocruz, o Brasil poderá comprar vacinas prontas produzidas por outros países.
"Nós estamos nesse esforço para, se possível, quando sair o registro da vacina numa agência que tenha equivalência regulatória com a Anvisa - vocês sabem que tem aquela possibilidade de autorização emergencial com prazo de 10 dias pela Anvisa - então também estamos trabalhando com essa possibilidade, mas não existe, com segurança, essa informação para ser prestada agora", disse Nísia, conforme informações da Agência Câmara.
Durante a audiência, parlamentares cobraram a inclusão, nos grupos prioritários para a vacinação, das pessoas com deficiência e com obesidade mórbida. A coordenadora-geral do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Francieli Fantinato, disse que essas parcelas da população já estão na primeira fase de vacinação.
O secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Medeiros, disse que o governo também deve "pensar também na população indígena, na população ribeirinha, na população quilombola, nessas populações que têm uma vulnerabilidade maior".