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Pazuello desconfia da vacina russa e aponta outra como mais promissora

O ministro interino da Saúde afirmou que a vacina para a covid-19 aprovada pela Rússia ainda é muito incipiente

Pazuello: "As condições estão muito ainda rasas, nós não temos profundidade nas respostas" (Adriano Machado/Reuters)

Pazuello: "As condições estão muito ainda rasas, nós não temos profundidade nas respostas" (Adriano Machado/Reuters)

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Reuters

Publicado em 13 de agosto de 2020 às 13h23.

Última atualização em 13 de agosto de 2020 às 16h16.

A vacina aprovada pelo governo russo para a covid-19 ainda é muito incipiente e uma eventual decisão de compra pelo governo brasileiro dependerá de muita negociação e da chegada ao país de mais informações sobre o imunizante, disse nesta quinta-feira o ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello.

Ele disse que participou de videoconferência na véspera com representantes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), da embaixada russa no Brasil e do governo do Paraná, que assinou memorando de entendimento com os russos sobre a vacina.

"Está muito incipiente. As condições estão muito ainda rasas, nós não temos profundidade nas respostas, nós não temos o acompanhamento dos números. Pode até haver tudo isso, mas ainda vai haver muita negociação, muito trabalho para que isso seja de uma forma efetiva, digamos, avalizado pela Anvisa para que nós possamos discutir a compra", disse Pazuello durante audiência na comissão mista do Congresso Nacional que acompanha a resposta do governo à pandemia.

"Sim, nós estamos atentos à vacina russa e caso essa prospecção seja positiva, nós devemos também participar", acrescentou.

O ministro interino disse ainda que o governo está atento a todas as potenciais vacinas contra o coronavírus que estão sendo desenvolvidas no mundo.

"É orientação e diretriz minha que todas as vacinas que se tornem uma prospecção positiva nós devemos estar acompanhando, devemos estar parceiros com opção de compra", afirmou.

Pazuello afirmou ainda que considera que a candidata a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, com a farmacêutica AstraZeneca é a mais promissora, mas disse que o governo federal apoia todas as iniciativas de vacina, inclusive a que está sendo desenvolvida pelo Instituto Butantan, do governo d Estado de São Paulo, em parceria com a chinesa Sinovac Biotech

O governo federal tem um acordo para produzir a vacina Oxford/AstraZeneca localmente, no laboratório da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Pazuello disse que, além dessas potenciais vacinas mencionadas, o governo federal também acompanha de perto, com vistas a realizar possíveis compras, as candidatas da Pfizer em parceria com a alemã BioNTech, da Moderna e da chinesa Sinopharm.

A vacina AstraZeneca/Oxford já está sendo testada em voluntários no Brasil, assim como as candidatas da Sinovac e da Pfizer/BioNTech. Além disso, o possível imunizante da Sinopharm também deverá entrar em ensaios clínicos em estágio avançado no país em breve.

"A vacina da Moderna, que usa o RNA, nós não temos capacidade de produzir no Brasil. Então nós estamos trabalhando tanto com a Moderna quanto com a Pfizer, têm estado dentro do leque de compras, do protocolo de compra, capacidade de comprar, prioridade de comprar, não ficarmos de fora", disse Pazuello na audiência.

PONTO DE INFLEXÃO

Ao ser indagado sobre o número de mortos --mais de 100 mil-- e de casos --mais de 3 milhões-- da pandemia no Brasil, Pazuello voltou a defender a necessidade de tratamento precoce da doença, argumentando ser necessário compreender o conceito de que a internação em unidade de terapia intensiva deve ser "um seguro" que preferencialmente não deve ser usado.

Ele fez ainda a avaliação de que o país não corre mais risco de ter falta de UTIs ou respiradores para tratar os doentes que ficarem graves.

"Acredito que passamos já do ponto de inflexão do risco de falta de respiradores, passamos do ponto de inflexão do risco de as UTIs não estarem habilitadas", disse.

Ele afirmou ainda que não cabe ao ministério dar diretrizes sobre medidas de distanciamento social, afirmando que elas cabem a Estados e municípios, repetindo argumentação do presidente Jair Bolsonaro, que desde o início da pandemia se colocou contrário a medidas de quarentena adotadas por prefeitos e governadores.

O presidente costuma citar uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que deu aos entes autonomia para adotarem medidas de combate à pandemia para afirmar que o governo federal não pode adotar medidas nessa área, embora a decisão da corte tenha destacado que cabe também ao governo federal adotar medidas para evitar a disseminação da doença.

"Nós não temos a intenção de dar diretrizes ou de criar protocolos, isso não cabe ao ministério, neste momento. Cabe ao ministério dar orientações e sugestões", disse Pazuello.

"Logicamente a responsabilidade final da gestão é dos municípios e dos Estados."

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