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Pauta-bomba pode ser tiro pela culatra para oposição

Os políticos de oposição querem usar medidas para aumentar os gastos públicos e ampliar o desgaste da presidente, mas eles poderão se arrepender muito disso


	Congresso Nacional: uma ”atitude míope” agora poderia ser um tiro na culatra para o grupo que assumir o poder em caso de impeachment
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Congresso Nacional: uma ”atitude míope” agora poderia ser um tiro na culatra para o grupo que assumir o poder em caso de impeachment (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 18 de setembro de 2015 às 17h23.

Além da dificuldade para aprovar cortes de despesas e aumentos de impostos, a presidente Dilma Rousseff ainda enfrenta o risco de votações do Congresso ampliarem ainda mais os gastos.

A oposição pode usar estas medidas, conhecidas como ”pauta-bomba", para ampliar o desgaste da presidente.

Mas, se vingar a ameaça de impeachment, que corre em paralelo, a bomba fiscal pode cair não no colo de Dilma, mas de um novo presidente, cujos apoiadores poderão se arrepender de decisões tomadas agora.

O Senado tem em pauta a discussão de vetos da presidente a projetos do Legislativo, como o reajuste do Judiciário, que ampliam os gastos exponencialmente.

Juntamente com outras medidas pendentes no Congresso e também incluídas na pauta- bomba, o aumento de gastos totalizaria R$ 284 bilhões, segundo o Estado.

Esse valor é mais de 10 vezes os R$ 26 bilhões em gastos que o governo promete cortar do orçamento de 2016.

A oposição está tentando fazer um movimento calculado de desgastar o governo, mas que traz riscos, diz Rafael Cortez, analista político da Tendências Consultoria Integrada.

Uma ”atitude míope” agora poderia ser um tiro na culatra para o grupo que assumir o poder em caso de impeachment.

As dificuldades de Dilma, contudo, vão muito além das tentativas da oposição de desgastá-la. Tanto a presidente como Lula e o PT vivem um grande dilema.

Precisam apoiar o ajuste fiscal para proteger o Brasil de mais um rebaixamento de rating. Por outro lado, o ajuste inclui medidas impopulares, algumas atingindo diretamente interesses defendidos pelos movimentos sociais, neste momento entre os poucos grupos ainda relativamente fiéis ao governo.

Ou seja, o ajuste feito para estabilizar a economia pesa sobre a popularidade de uma presidente que se elegeu pregando o oposto e, com isso, reduz o seu já escasso poder político e o seu cacife para evitar o impeachment.

É um caso em que as crises econômica e política se retroalimentam.

Este dilema explicaria, segundo o consultor da Tendências, o comportamento errático de Lula, que diz apoiar Dilma, mas ao mesmo tempo faz críticas ao ajuste fiscal.

Isso apesar de ele mesmo, Lula, ter elevado o superávit primário e os juros no início de seu governo, em 2003, mostrando uma ortodoxia econômica que agora parece não querer abraçar, ao menos em público.

Comentário do irmão de Lula, Frei Chico, divulgado pela imprensa nesta semana, parece resumir a situação difícil do PT e do governo. ”Estamos encurralados”.

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