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Paulinho diz a Dilma que inflação levou povo às ruas

"Não concordo, mas vou ouvi-lo", reagiu Dilma, tentando demonstrar paciência com o deputado, mas sem querer polemizar com ele, segundo sindicalista presente


	A presidente Dilma não deixou sem resposta e rebateu o deputado Paulinho da Força quando ele acusou o governo de não ter cumprido os acordos com as centrais na votação da regulamentação dos portos
 (REUTERS / Ueslei Marcelino)

A presidente Dilma não deixou sem resposta e rebateu o deputado Paulinho da Força quando ele acusou o governo de não ter cumprido os acordos com as centrais na votação da regulamentação dos portos (REUTERS / Ueslei Marcelino)

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Da Redação

Publicado em 26 de junho de 2013 às 16h22.

Brasília - A presidente Dilma Rousseff reagiu nesta quarta-feira à avaliação do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical, de que um dos motivos da população ter saído às ruas é que o governo perdeu o controle sobre a inflação.

"Não concordo, mas vou ouvi-lo", reagiu a presidente Dilma, tentando demonstrar paciência com o deputado, mas sem querer polemizar com ele, de acordo com um dos sindicalistas presentes. O IPCA-15, divulgado na última sexta-feira, aponta para uma taxa acumulada de 6,67% em 12 meses até junho, acima, portanto, da meta de inflação.

Dilma convocou as centrais sindicais para ouvi-las, a exemplo do que está fazendo com vários movimentos sociais e outros segmentos, para pedir apoio para o plebiscito sobre reforma política e pedir sugestões para as perguntas a serem feitas à população. Na reunião, as centrais comunicaram a disposição de manter, para o dia 11 de julho, uma paralisação conjunta para apresentação de suas pautas trabalhistas. Mas este não foi o único momento tenso da reunião com as centrais, que durou uma hora e meia, no Palácio do Planalto.

A presidente Dilma não deixou sem resposta e rebateu o deputado Paulinho da Força quando ele acusou o governo de não ter cumprido os acordos com as centrais na votação da regulamentação dos portos.

"Não é verdade", desabafou a presidente. "Todos os pontos do acordo com as centrais foram cumpridos. Você perdeu", reagiu Dilma, de acordo com um dos presentes, rechaçando a proposta de Paulinho que queria manter, nos portos privados, os benefícios dos trabalhadores vinculados aos OGMOS - Órgão Gestor de Mão de obra.

Mas não foi só Paulinho da Força que reclamou do formato da reunião, onde a presidente chegou, falou por meia hora e abriu a palavra às centrais, sem fazer uma fala conclusiva, ao final, como ocorre tradicionalmente.

O presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Antonio Neto, disse que muitas questões ficaram sem resposta, como a ponderação que ele fez em relação às desonerações feitas pelo governo, que não estão refletindo nos preços, exatamente porque o Executivo não exige uma contrapartida do setor.


"Foi bom poder olhar olho no olho dela, mas ela não respondeu nenhuma das ponderações que apresentei porque estava atrasada para outra reunião. Ela só anotou", comentou Neto, que também se queixou com a presidente sobre os problemas enfrentados pela população com os planos de saúde, além de reiterar as pautas das centrais que incluem, por exemplo, a redução da jornada de trabalho.

"As nossas castanhas não estão no jogo", disse Neto, acrescentando que não se sentia atendido nos seus pleitos, que ainda deverão ser discutidos em outras rodadas de negociações.

CUT

O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, em entrevista, questionou a "intervenção absolutamente distorcida" feita por Paulinho da Força, durante a reunião com a presidente Dilma, justificando que a reunião não foi chamada para discutir a pauta dos trabalhadores - "os trabalhadores têm a pauta que é negociada na mesa específica de negociação" - e que "essa reunião foi chamada para fazer uma discussão sobre as manifestações e do atual momento político do Brasil".

Sobre o fato de a população estar rechaçando a presença da CUT e de outras centrais sindicais nas manifestações, Vagner Freitas disse que isso "o preocupa muito" porque o movimento pode tomar um viés conservador. Mas ele fez questão de criticar os serviços públicos, que classificou como "muito ruins". E defendeu o plebiscito: "este Congresso que está aí não tem moral política para construir uma reforma política, porque é conservador".

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