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Paulinho da Força recebeu R$ 1 mi para dar "tutoria" à Odebrecht

A definição do pagamento ocorreu após Paulinho da Força procurar o diretor da empresa para pedir doações para a campanha à Câmara de 2014

Paulinho da Força: "Estive com ele no bairro da Aclimação, num café, na época da campanha e ele me pediu uma doação em caixa 2, para a campanha dele", diz delator (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Paulinho da Força: "Estive com ele no bairro da Aclimação, num café, na época da campanha e ele me pediu uma doação em caixa 2, para a campanha dele", diz delator (Antonio Cruz/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 13 de abril de 2017 às 21h39.

Brasília - Em delação premiada realizada no âmbito da Operação Lava Jato, o ex-presidente da Odebrecht Ambiental Fernando Reis revelou que o deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), conhecido como Paulinho da Força, recebeu R$ 1 milhão em propina para prestar "tutoria" sobre os movimentos sindicais à empresa.

A definição do pagamento ocorreu após Paulinho da Força procurar o diretor para pedir doações para a campanha à Câmara dos Deputados de 2014.

"Estive com ele no bairro da Aclimação, num café, na época da campanha e ele me pediu uma doação em caixa 2, para a campanha dele. Essa doação na época nós negociamos... e nós acertemos 1 milhão de reais", ressaltou Reis.

Segundo o ex-diretor, o pagamento foi feito em duas parcelas de R$ 500 mil e a operação ganhou o codinome "Forte", em referência ao nome da Força Sindical, presidida pelo deputado.

"Esse pagamento tinha o objetivo de que a gente mantivesse com ele uma relação boa. E através dele, quase que uma tutoria, para a gente saber lidar melhor com os movimentos sindicais, com as centrais sindicais, já que ele era um dos pioneiros dessas centrais sindicais no Brasil", ressaltou Reis.

O ex-diretor lembra ainda que semanas antes do acerto, a sede da Odebrecht em São Paulo havia sido invadida por representes movimentos sociais.

Além disso, a empresa também enfrentava dificuldades de interlocução com sindicalistas no porto de Santos, onde mantém operações.

"Nas manifestações de 2013, nós começamos a ter muitas questões sindicais. Um desses movimentos chegou a invadir o prédio da Odebrecht lá a Marginal em São Paulo. Tivemos um greve de dias no terminal portuário da Embraport... pela nossa presença nos estádios da Copa do Mundo isso acabou tendo uma repercussão grande. A gente sentiu, então, a necessidade, como organização, não como Odebrecht Ambiental, de ter uma aproximação maior de algumas dessas pessoas, que até nos orientasse, nos indicasse o que fazer, abrisse esses canais de comunicação com essas pessoas dos sindicatos", justificou Reis.

Segundo ele, além dos recursos de caixa 2 para a campanha do Paulinho da Força, a empresa também ajudou a Força Sindical com a doação legal de R$ 100 mil, para eventos promovidos na Avenida Paulista, no dia do Trabalho.

Outro lado

Por meio do nota, Paulinho da Força admite ter recebido R$ 1 milhão para a campanha, mas não fala especificamente a respeito da origem dos recursos.

"A Odebrecht doou R$ 1 milhão para o partido Solidariedade, que foi distribuído para pagamentos de campanhas entre diversos candidatos aos cargos de deputados federal e estadual. Deste montante, minha campanha ficou com exatos R$ 158.563,00, conforme registro no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). É importante ressaltar que minhas contas foram aprovadas pelos órgãos eleitorais responsáveis. Como presidente da Força Sindical, que representa duas mil entidades em todo o Brasil, sempre sou solicitado, por minha liderança e experiência, a ajudar a solucionar conflitos em grandes demandas trabalhistas, como no caso da greve dos portuários ou conflitos na Usina do Rio Madeira", diz o deputado no documento.

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