Brasil

CPI ao VIVO: cloroquina é negar a ciência, diz Pasternak

Microbiologista comentou na CPI da Covid estudos que mostram que o medicamento não funciona e apontou que a discussão já está ultrapassada

Microbiologista Natalia Pasternak fala à CPI da Covid (Jefferson Rudy/Agência Senado)

Microbiologista Natalia Pasternak fala à CPI da Covid (Jefferson Rudy/Agência Senado)

AA

Alessandra Azevedo

Publicado em 11 de junho de 2021 às 11h44.

Última atualização em 11 de junho de 2021 às 12h49.

A microbiologista Natalia Pasternak afirmou à CPI da Covid, nesta sexta-feira, 11, que a defesa do uso da cloroquina para tratar covid-19 é “negacionismo”. Não se trata, segundo ela, de falta de informação, mas de uma “mentira orquestrada pelo governo”, sem nenhuma evidência científica.

Pasternak foi convidada à CPI para falar sobre medidas de saúde pública relativas ao enfrentamento da pandemia. Aos senadores, ela disse que a prescrição de medicamentos sem eficácia comprovada para a covid-19, como a cloroquina, “é negar a ciência”. 

“É uma mentira e, no caso triste do Brasil, é uma mentira orquestrada, orquestrada pelo governo federal e pelo Ministério da Saúde. E essa mentira mata, porque ele leva pessoas a comportamentos irracionais, que não são baseados em ciência”, afirmou a cientista.

A microbiologista apresentou estudos que mostram que a cloroquina não funciona para covid-19 e apontou que a discussão já está ultrapassada. "A gente testou tudo isso no ano passado". Os indícios já deveriam ser suficientes "para enterrar a cloroquina de vez", disse.

"Nós estamos pelo menos seis meses atrasados em relação ao resto do mundo, que já descartou a cloroquina e, aqui no Brasil, a gente continua discutindo isso"

Natalia Pasternak

 

Segundo Pasternak, a cloroquina nunca teve "plausibilidade biológica" para funcionar em casos de covid-19. "O caminho pelo qual ela bloqueia a entrada do vírus na célula só funciona in vitro, em tubo de ensaio, porque, nas células do trato respiratório, o caminho é outro", explicou. "Então, ela já nunca poderia ter funcionado."

A cloroquina nunca funcionou para outras viroses, lembrou a cientista. "Já foi testada e falhou pra várias doenças provocadas por vírus, como zika, dengue, chikungunya, o próprio SARS, AIDS, ebola. Nunca funcionou", apontou. Ela também ressaltou que "evidências anedóticas" não são evidências científicas.

Ou seja, o fato de um vizinho ter tomado cloroquina e se curado da covid-19 não significa que o medicamento é responsável pela melhora. "Correlação não é a mesma coisa que causa e efeito. Correlação são coisas que acontecem ao mesmo tempo e que, de repente, até suscitam uma pergunta pra ser investigada, mas não uma resposta", disse.

A microbiologista deixou claro que a cloroquina não é o único sinal de negacionismo. “Isso serve para o uso de máscaras, para o distanciamento social, para a compra de vacinas que não foi feita em tempo para proteger a nossa população”, citou. "Esse negacionismo mata", reforçou.

Acompanhe ao vivo:

yt thumbnail
Acompanhe tudo sobre:CloroquinaCoronavírusCPI da CovidGoverno BolsonaroPandemiaSenado

Mais de Brasil

Cidade do Maranhão decreta calamidade pública por conta de voçorocas

Criminosos de fuzis atacam delegacia em Duque de Caxias após prisão de chefe do tráfico

No Planalto, clima é de desânimo após resultado do Datafolha; 8 pontos explicam reprovação recorde

Avião de pequeno porte cai e mata duas pessoas no interior de São Paulo