Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro. (Cris Faga/Andressa Anholete/Getty Images)
Agência O Globo
Publicado em 16 de junho de 2021 às 18h25.
Última atualização em 16 de junho de 2021 às 18h33.
Presidentes de PSDB, DEM, PV, Cidadania e Podemos se reuniram nesta quarta-feira para discutir uma candidatura de centro para a eleição presidencial de 2022, a chamada terceira via. Também participaram do almoço, na casa do advogado Fabrício Medeiros, em Brasília, representantes do MDB e do SD. Ao final do encontro, os dirigentes indicaram que houve um consenso: as legendas não vão apoiar nem a candidatura do presidente Jair Bolsonaro nem a do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Esse consenso foi anunciado, em entrevista à imprensa ao fim do evento, pelos presidentes do PSDB, Bruno Araújo, e do Cidadania, Roberto Freire.
"O número de brasileiros que se posicionam hoje para uma nova alternativa é maior que o apoio a Lula ou Bolsonaro. Mas é uma maioria silenciosa, que não faz motociata nem manifestação. É para esses brasileiros que queremos falar", disse Araújo.
Roberto Freire afirmou que a reunião não discutiu nomes de possíveis candidatos.
"O ambiente para uma terceira via à Presidência é muito positivo. No momento, não falamos de nomes, mas de programas", afirmou Freire.
Foi o primeiro encontro presencial das siglas para discutir 2022 desde o início da pandemia. O evento foi organizado pelo ex-ministro da Saúde Henrique Mandetta (DEM-MS), apotando como presidenciável.
"A pandemia atrapalhou várias coisas, inclusive as conversas. Todos falavam por telefone, por vídeo... Então eu estava angustiado, pois falava com todos separadamente", disse Madetta, anunciando que uma nova reunião do grupo está prevista para daqui a 15 dias.
O presidente do DEM, ACM Neto, deixou o evento sem falar com jornalistas. Publicamente, o ex-prefeito de Salvador nega ter se aproximado do presidente Jair Bolsonaro, mas, nos bastidores, é apontado como um possível apoiador de sua reeleição no próximo ano. Filiado ao mesmo partido, Mandetta afirmou que, na reunião, ACM Neto garantiu que não apoiará Bolsonaro em 2022.
"Há um conceito de unidade, de pacificação do país e de zelo pela democracia. Todos os partidos estão falando a mesma língua: os extremos agravam a crise brasileira. O compromisso de uma candidatura única começa. O compromisso é de caminhada, não de fim", disse o ex-ministro da Saúde.
Também participaram do almoço Renata Abreu, presidente do Podemos, e José Luiz Penna, que comanda o Partido Verde.
Representando o presidente do MDB, Baleia Rossi, que não foi ao evento, o deputado Herculano Passos afirmou que a ideia é o grupo indicar, até o início do ano que vem, o nome que encabeçará a chapa. Pelo SD, o deputado Áureo Lídio representou o presidente Paulinho da Força. Dirigentes que participaram do evento afirmam que o martelo em torno do nome será batido após a realização de pesquisas de intenção de voto para avaliar qual a candidatura mais forte.
Os presidentes do PDT e do PSL, Carlos Lupi e Luciano Bivar, respectivamente, foram convidados, mas não compareceram alegando já terem outros compromissos. O PDT tem Ciro Gomes como pré-candidato ao Planalto.
Presidente do PSDB, Bruno Araújo citou as desistências de João Amoêdo (Novo) e Luciano Huck (sem partido), que anunciaram que não disputarão o Planalto no ano que vem. Para o dirigente, o tempo fará com que mais nomes de centro hoje colocados no páreo saiam da corrida eleitoral.
"Se isso possibilitar uma candidatura única, melhor. Se não for possível, que seja um número reduzido", disse o dirigente do PSDB, que tem no próprio partido quatro pré-candidatos à Presidência.
Indagado se a rusga entre DEM e PSDB em São Paulo — o governador João Doria atraiu seu vice, Alexandre Garcia, ex-DEM, para o ninho tucano — poderia prejudicar a aliança nacional, Araújo respondeu que não.
"Criou uma dificuldade na relação do Doria, que é um dos pré-candidatos do PSDB, com o ACM Neto. Mas não afeta a estratégia [nacional]. Em muitos estados o PSDB precisa do DEM. E, em muitos outros, o DEM precisa do PSDB."
Além do convite a Luciano Bivar (PSL) e Carlos Lupi (PDT), o grupo que planeja uma candidatura única pretende atrair para a mesa de conversas o PSB, presidido por Carlos Siqueira. O partido socialista tem uma grande amplitude, tendo em vista que há em seus quadros pessoas próximas de Lula, como o recém-filiado Marcelo Freixo, ex-PSOL, políticos próximos do governo e, também, defensores da terceira via.