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Parentes da 1ª vítima de coronavírus no país dizem que não são monitorados

O porteiro aposentado de 62 anos morava no Paraíso, zona sul de São Paulo, com outras seis pessoas; três parentes estão internados com sintomas da doença

Coronavírus: Brasil registra mais de 600 casos confirmados da doença (Rodrigo Paiva/Getty Images)

Coronavírus: Brasil registra mais de 600 casos confirmados da doença (Rodrigo Paiva/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 20 de março de 2020 às 09h29.

Última atualização em 20 de março de 2020 às 09h32.

Familiares da primeira vítima do coronavírus no Brasil reclamam da falta de acompanhamento do governo e da rede privada. Parentes que tiveram contato com o porteiro aposentado de 62 anos que morreu na segunda-feira informam que não fizeram testes sobre a contaminação pelo novo coronavírus.

Na casa no bairro do Paraíso, zona sul de São Paulo, onde morava o porteiro, viviam seis pessoas: pai, mãe e quatro irmãos. A vítima era um dos irmãos. Hoje, estão internados o pai, de 83 anos, e dois irmãos, uma mulher de 60 e um homem de 61. Os três apresentaram problemas respiratórios, como tosse, febre e falta de ar.

O patriarca está no Hospital Sancta Maggiori, da rede Prevent Senior, na região do Itaim. Seu estado é grave em função da idade, diabete e problemas renais. Os irmãos estão em UTIs do Hospital do Servidor Público Municipal. Os resultados dos testes dos três que estão internados devem sair hoje.

Existe uma preocupação adicional da família com os familiares que não foram internados. A mãe, de 82 anos, chegou a ser hospitalizada na rede privada, mas foi liberada no mesmo dia após uma tomografia não detectar os sintomas da doença. Hoje, ela está em casa, em quarentena, sem apresentar sintomas, tomando analgésicos. Está desolada com parte da família no hospital e diz para todo mundo ficar em casa e se prevenir.

A família afirma que não há acompanhamento da mãe e, além disso, os outros dois irmãos não fizeram testes para identificar a presença do vírus. Todos tiveram contato com a vítima. "A mãe e os dois irmãos não estão tendo acompanhamento nenhum. Não há o menor suporte. São os próprios familiares que estão cuidando deles", diz o advogado Roberto Domingues Junior.

A Secretaria Municipal de Saúde se defende afirmando que o Hospital Sancta Maggiore não fez a notificação oficial do caso e que, por isso, o órgão não teria como fazer o acompanhamento. Em nota, informa que determinou "uma investigação rigorosa para esclarecer por que o Hospital Sancta Maggiore não cumpriu os protocolos do Ministério da Saúde de notificação compulsória dos casos suspeitos de covid-19".

A Prevent Senior rebate. "A empresa mantém o atendimento aos seus pacientes de acordo com os critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde como se pôde constatar na inspeção de hoje. Todas as informações relativas à pandemia são diariamente repassadas às autoridades competentes", diz nota da empresa.

De acordo com os familiares, o porteiro começou a apresentar mal-estar no dia 10 e procurou um dos hospitais da rede. Ele sentia dores nas pernas, mas não tossia. Sem realizar exames para a covid-19, foi orientado a voltar para casa. Quatro dias depois, sem melhoras, ele procurou o Hospital Sancta Maggiore no Paraíso. Chegou à unidade com dificuldade para respirar e febre. Foi internado imediatamente. O quadro piorou. No dia seguinte, os médicos indicaram o comprometimento dos pulmões e o risco de morte. Na segunda-feira, ele morreu. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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