Brasil

Parecer de procurador-geral sobre Meirelles influenciará o Congresso

Segundo o analista político Ricardo Ribeiro, da consultoria MCM, o maior impacto do parecer não será no STF, onde foi entregue ontem, mas no Congresso, dificultando a aprovação da medida provisória que confere foro privilegiado ao presidente do Banco Cent

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 15h13.

O parecer do procurador-geral da República, Claudio Fonteles, contrário ao status de ministro dado ao presidente do Banco Central (BC) influenciará deputados e senadores mas terá pouco impacto no Supremo Tribunal Federal (STF). Para o analista político Ricardo Ribeiro, da consultoria MCM, o parecer poderá atrapalhar a tentativa do governo Lula em conseguir a aprovação no Congresso da medida provisória (MP 207) que deu prerrogativas de ministro de Estado ao presidente do BC, Henrique Meirelles.

No parecer, o procurador-geral afirma que a MP foi criada "por inspiração casuística" e destaca a falta de relevância e urgência que justificariam a edição de medida provisória. "É fato notório que a transformação do cargo visa, em primeira linha, à concessão de prerrogativa de foro para que [o presidente do BC] seja julgado pela instância máxima da organização judiciária brasileira, o Supremo Tribunal Federal, justamente num momento em que está sob investigação do Ministério Público Federal a respeito de sua regularidade fiscal e eleitoral", afirma o procurador em sua avaliação. O procurador diz ainda que a MP descaracteriza a hierarquia que existe entre o Ministério da Fazenda e o Banco Central, pois coloca um ministro presidindo uma autarquia submetido a outro ministro. "Fica comprovado, com isso, a inconstitucionalidade da medida."

Para Ricardo Ribeiro, a contundência do procurador-geral, entretanto, interferirá muito pouco sobre a decisão do STF pois já "houve outros casos em que o Supremo contrariou uma avaliação da procuradoria", diz o analista. O parecer, enviado ontem (8/11) ao STF, é uma das peças do julgamento de duas Ações Diretas de Inconstitucionalidade (Adins), nas quais a MP 207é questionada pelo PFL e pelo PSDB.

Enquanto isso, o governo tenta vencer resistências tanto na base governista quanto na oposição para aprovar a MP. Segundo Ribeiro, essa tarefa ficou bem mais difícil agora, com a manifestação da procuradoria. "A análise dá mais munição aos que são contrários à MP na base aliada e fortalece também a oposição", diz.

"Casuísmo"

Ribeiro, da MCM, concorda que o objetivo da MP foi proteger Meirelles das denúncias de improbidade e evasão fiscal publicadas pela imprensa, mas afirma que, mesmo que a MP seja rejeitada pelo STF e pelo Congresso, a perda do status de ministro terá poucas conseqüências para o presidente do Banco Central. "Não acredito que uma derrota do governo nesse episódio causará uma grave crise política", diz Ribeiro.

Segundo o analista político, o foco da oposição não é a política econômica de Lula que, em linhas gerais, segue o modelo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, apoiado pelo PSDB e PFL. "A oposição não tem interesse em derrubar o Meirelles para criar uma crise econômica", diz Ribeiro. Para ele, os opositores tentam enfraquecer o governo Lula por meio de críticas à sua tendência totalitária, como no caso da criação do Conselho Federal de Jornalismo e da fraqueza das políticas sociais.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Brasil

Polícia Civil descobre 'Central do golpe do SMS' dentro de apartamento em São Paulo

Brasil espera número recorde de voos da Espanha, que já responde por 13% do volume europeu

Gestão Pochmann quer que sindicato de servidores do Instituto não use mais sigla IBGE no nome

AGU recorre de decisão do TCU que bloqueia verbas do programa Pé de Meia