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Paratletas são afastadas da seleção após denúncia de abuso sexual

Lia Martins, Geisa Vieira e Denise Eusébio teriam cometido o ato em fevereiro do ano passado, mas apenas neste ano a denúncia foi feita por uma jogadora

Lia Martins: paratleta admitiu que houve o ato, mas disse que tudo não passou de uma brincadeira (Luciana Vermell/CPB/Reprodução)

Lia Martins: paratleta admitiu que houve o ato, mas disse que tudo não passou de uma brincadeira (Luciana Vermell/CPB/Reprodução)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 13 de junho de 2018 às 16h23.

Indaiatuba - Três atletas da seleção brasileira de Basquete em Cadeira de Rodas foram afastadas pela Confederação Brasileira da categoria após denúncia de abuso sexual contra uma de suas companheiras de equipe.

Lia Martins, Geisa Vieira e Denise Eusébio teriam cometido o ato em fevereiro do ano passado, mas apenas neste ano a denúncia foi feita por uma jogadora que pediu para não ser identificada.

A entidade emitiu nota assinada pelo seu presidente, Valdir Soares de Moura, para comentar o ocorrido. "Decidimos pelo afastamento das atletas mencionadas com o objetivo de resguardá-las e de garantir o direito de defesa, assegurando o tempo para esclarecimento e apuração dos fatos, dependendo do resultado poderão ou não voltar a defender nossa seleção. Diante do exposto, vimos informá-los da nossa decisão e fazemos votos de que tudo se esclareça da melhor forma".

O caso aconteceu durante um treino no alojamento da equipe Gladiadoras/Gaadin (Grupo de Ajuda dos Amigos Deficientes de Indaiatuba), na cidade de Indaiatuba, interior de São Paulo. A vítima contou que as três afastadas usaram um pênis de borracha para abusá-la sexualmente. Ela teria sido retirada à força da cadeira de rodas, jogada no chão e suas roupas foram tiradas. A coordenadora do time, Gracielle Silva, aparece segurando a vítima e fotos do abuso circularam em diversos grupos de Whatsapp. Gracielle se suicidou no dia 29 de maio.

Lia admitiu que houve o ato, mas disse que tudo não passou de uma brincadeira. "Foi uma brincadeira de mau gosto e agora vai destruir a minha vida", falou a atleta. "A gente sempre falava essas besteiras e dávamos risadas. Mas ela (a vítima) dizia que não precisava de pinto de borracha nas suas relações. O objeto é meu, e eu não tive a intenção de machucá-la", completou.

Lia é a principal atleta da seleção. Ela disputou as paralímpiadas no Rio, em 2016 (Geisa também fez parte do time), a de Londres, em 2012, e a de Pequim, em 2008. Ela já foi vencedora do Prêmio Brasil Paralímpico em 2011, 12 e 15. Pela seleção, foi campeã sul-americana, das Américas e medalha de bronze nos Parapans de Guadalajara e Toronto.

A vítima deixou o time de Indaiatuba neste ano e não prestou queixa anteriormente por receio de represália. Ainda de acordo com a reportagem, a atleta iria prestar queixa em uma delegacia há três semanas, mas teve um problema de saúde e está se recuperando.

O presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Mizael Conrado, lamentou o caso. "Isso é um caso que entristece o movimento paralímpico. O CPB tem um código de conduta que repele esse tipo de comportamento, estabelece regras e pune. A confederação, que é fliada ao comitê, já afastou as atletas por tempo indeterminado e nós temos total interesse na finalização desse caso com a punição dos culpados, de modo que isso jamais se repita dentro do esporte paralímpico. Eu acho que se for provada a culpa das atletas, a punição tem de ser exemplar, e elas seriam banidas do esporte", disse o dirigente.

Veja nota da Confederação Brasileira de Cadeira de Rodas:

Comunicado de afastamento temporário de atletas

A CBBC, através de sua Diretoria Executiva de Comissão Técnica da Seleção Brasileira Feminina de Basquetebol em Cadeira de Rodas, depois de recebermos denúncia envolvendo as atletas da seleção brasileira Lia Martins, Denise Eusébio e Geisa Vieira que foram convocadas para a 2ª etapa de treinamentos preparatórios para o mundial da Alemanha, em reunião decidimos pelo afastamento das atletas mencionadas, com o objetivo de resguardá-las e de garantir o direito de defesa, assegurando o tempo para esclarecimento e apuração dos fatos, dependendo do resultado poderão ou não voltar a defender nossa seleção.Diante do exposto, vimos informá-los da nossa decisão e fazemos votos de que tudo se esclareça da melhor forma.

Valdir Soares de Moura

Presidente

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