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Para Salles, postura de Bolsonaro sobre Amazônia tem de ser aplaudida

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou que o desmatamento na Amazônia tem crescido desde 2012 por conta da economia informal

Salles: o ministro afirmou que a falta de "bom senso" na questão ambiental é "pior remédio" para o meio ambiente (Adriano Machado/Reuters)

Salles: o ministro afirmou que a falta de "bom senso" na questão ambiental é "pior remédio" para o meio ambiente (Adriano Machado/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 26 de agosto de 2019 às 13h31.

Última atualização em 26 de agosto de 2019 às 14h21.

Em meio à crise internacional envolvendo as queimadas na Amazônia, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, elogiou nesta segunda-feira, 26, a atuação do presidente da República, Jair Bolsonaro, na questão da floresta, em relação ao emprego de militares em uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para combater as queimadas. "É louvável e deve ser aplaudida a postura de Bolsonaro", disse o ministro, durante discurso em evento do Secovi-SP, entidade que representa o mercado imobiliário no Estado de São Paulo.

Em sua apresentação, Salles também afirmou que o desmatamento na floresta tem crescido desde 2012 em razão de pressões da economia informal. "A ausência de desenvolvimento econômico sustentável, formal, que siga um modelo, que possa ser licenciado, a ausência disso gerou o caos que estamos vendo há 20 anos", comentou o ministro.

Salles ainda disse que o agronegócio e o meio ambiente "no campo" são de "enorme importância" para o ministério e que a Amazônia "é de grande relevância". Na visão do ministro, a falta de "bom senso" na questão ambiental, de desenvolvimento econômico e "desequilíbrio regulatório" são o "pior remédio" para o meio ambiente.

Em outro momento de elogios ao Bolsonaro, o ministro atribuiu o sucesso da agenda econômica ao presidente. "Não foi fulano que fez a reforma, foi Bolsonaro, que botou Paulo Guedes (no Ministério da Economia) e endossa tudo na economia", disse. "O Brasil mudou com Bolsonaro, fez campanha sozinho, falando verdade".

Depois, o ministro disse que o Congresso também teve méritos na aprovação da reforma da Previdência.

Aplaudido de pé

Salles chegou a ser aplaudido de pé pelos participantes do evento do Secovi-SP, durante um discurso do secretário de Habitação do Estado, Flavio Amary.

O secretário elogiou o trabalho do ministro e disse que ele tem "enfrentado brigas e disputas difíceis", "defendendo o meio e defendendo o Brasil", pedindo palmas da plateia para Salles.

Presente no evento, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), também aplaudiu o ministro de pé.

Ajuda do G7

Ainda durante o evento desta segunda, Salles também disse que é bem-vinda a ajuda financeira para o combate a incêndios na Floresta Amazônica proveniente dos países do G7.

O ministro afirmou que "uma série de políticas públicas irracionais e demagógicas" de governos anteriores deve ser responsabilizada pelos incêndios florestais.

As chamas que se alastram pela Amazônia ganharam repercussão internacional e foram debatidas pelos líderes globais durante uma reunião do G7 sobre mudanças climáticas e biodiversidade. Mais cedo nesta segunda-feira, o presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou que os membros do grupo decidiram doar ao menos 20 milhões de euros para auxiliar o combate às queimadas.

Salles avaliou a ajuda anunciada como "excelente medida, muito bem-vinda". Ele ressalvou, no entanto, que "não há nada pior para o meio ambiente que a falta de desenvolvimento".

"A grande promessa está no que eu chamo de... bioeconomia, a exploração adequada da riqueza que ali está", disse.

Crítica às leis

O presidente do Secovi-SP, Basílio Jafet, aproveitou a presença do ministro no evento desta segunda-feira para criticar a quantidade de leis e decretos na área ambiental. "São 70 mil leis e decretos na área ambiental e fica muito difícil atuar a obedecer a essas 70 mil leis e decretos que, por vezes, são até conflitantes", disse.

Jafet disse que, em geral, o licenciamento ambiental leva de dois a três para ser concluído e assim corre-se o risco de contestado, embargado ou cassado. "Não nos permite ter segurança jurídica", afirmou. O presidente disse que o Brasil é o país que mais preserva o meio ambiente e que isso tem de continuar. "Quem não obedecer à legislação que seja caso de polícia".

No entanto, fez um apelo a favor da Lei Geral de Licenciamento Ambiental, que tramita há 15 anos na Câmara dos Deputados. "Esperamos que essa lei chegue a bom termo e possamos ter mais segurança jurídica nos nossos empreendimentos", disse.

O presidente do Secovi elogiou a atuação de Salles e de sua equipe no Ministério do Meio Ambiente. "Estão muito ativos para que tenhamos nessa nova legislação, para que tenhamos mais investimentos e internos no Brasil, com possibilidades em todas as áreas, gerando riqueza e contribuindo para a balança comercial", disse.

(com Reuters e Estadão Conteúdo)

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