Brasil

Para procuradores, Temer não tem mais condições de ficar no cargo

Por meio das redes sociais, os dois principais procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba teceram críticas ao presidente

Carlos Fernando dos Santos Lima: em uma das postagens, o procurador comparou Temer ao ex-presidente Lula (Heuler Andrey/Reuters)

Carlos Fernando dos Santos Lima: em uma das postagens, o procurador comparou Temer ao ex-presidente Lula (Heuler Andrey/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 28 de junho de 2017 às 14h05.

São Paulo - Após o discurso do presidente Michel Temer (PMDB) classificando a denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, como uma "peça de ficção", os dois principais procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba se manifestaram nas redes sociais afirmando que Temer não tem mais condições de ficar no cargo.

Depois de afirmar que o governo do presidente Michel Temer (PMDB) "sufoca" a Polícia Federal ao suspender a emissão de passaportes, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima subiu o tom das críticas ao presidente.

Em seu perfil no Facebook, o investigador disse que Temer foi "leviano, inconsequente e calunioso ao insinuar recebimento de valores por parte do PGR" no pronunciamento feito na terça para se defender da denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

O investigador comparou Temer ao ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT), réu na Lava Jato, e disse que o peemedebista não têm mais condições de ficar no cargo.

"Já vi muitas vezes a tática de 'acusar o acusador'. Lula faz isso direto conosco. Entretanto, nunca vi falta de coragem tamanha, usando de subterfúgios para dizer que não queria dizer o que quis dizer efetivamente. Isso é covardia e só mostra que não tem qualificação para continuar no cargo", escreveu Santos.

Em outra publicação na rede social, Santos afirma que o presidente é "incapaz" de se defender dos fatos" e defende que a Câmara dê o aval para a abertura do processo contra Temer no Supremo Tribunal Federal (STF).

"Se Temer confia tanto na ausência de provas, que se deixe julgar pelo STF. Que a Câmara dos Deputados não se torne um sepulcro caiado", escreveu.

Os ataques do procurador ao discurso de Temer começaram na terça-feira, logo após a fala do peemedebista. Elencando alguns itens da denúncia, Santos ironizou o discurso de Temer.

"Se não há provas, então o que tem focinho de porco, orelha de porco, rabo de porco e cheira como um porco, deve ser apenas uma tomada", escreveu.

Em outro post, o procurador afirmou que "é de se envergonhar termos um acusado na Presidência da República que sequer se defende dos fatos".

Também na terça, o coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Ministério Público Federal (MPF), Deltan Dallagnol, se juntou ao coro de críticas ao discurso de Temer e citou que o presidente não falou sobre o recebimento do dinheiro em uma mala por parte do seu ex-assessor Rodrigo Rocha Loures.

Além disso, o procurador afirmou que a denúncia apresentada por Rodrigo Janot é "suficiente" para acusar Temer e que o País precisa de um presidente com condições morais para governar.

"Hoje mesmo, o governo balança e não tem condições de concentrar suas atenções num projeto para o País. O foco é salvar a própria pele. Se queremos ter condições para o desenvolvimento da economia, o que precisamos é de um presidente revestido de condições morais para governar", escreveu.

Acompanhe tudo sobre:GovernoGoverno TemerMichel TemerOperação Lava Jato

Mais de Brasil

Decisão da Justiça dá aval para concessionária do Ibirapuera cobrar taxa de assessoria esportiva

Gilmar Mendes marca audiência no STF para discutir pejotização

Se 'acontecer o que estou pensando' o Brasil terá primeiro presidente eleito quatro vezes, diz Lula

Gleisi Hoffmann diz que espera acordo após suspensão de decretos do IOF