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Para não perder efeito, estados precisam guardar vacina para a 2ª dose

Especialistas em saúde pública alertam que o Brasil ainda não tem um cronograma de produção que garanta estoque suficiente da vacina

 (Tomaz Silva/Agência Brasil)

(Tomaz Silva/Agência Brasil)

GG

Gilson Garrett Jr

Publicado em 26 de janeiro de 2021 às 17h19.

O Brasil precisa de quase 30 milhões de doses da vacina contra a covid-19 para imunizar apenas o primeiro grupo prioritário, formado por profissionais de saúde, pessoas com mais de 75 anos, pessoas de 60 anos ou mais que estão em instituições de longa permanência, e indígenas. Este valor leva em conta as duas doses necessárias para as 15 milhões de pessoas que estão neste grupo, segundo cálculos do Ministério da Saúde.

Até esta terça-feira, 26, o governo federal distribuiu cerca de 9 milhões de doses aos estados - 2 milhões da Fiocruz/AstraZeneca e 6,9 milhões do Butantan/Sinovac. O Instituto Butantan ainda precisa entregar mais 3,2 milhões de doses que devem ficar prontas nos próximos dias.

Além de um volume baixo, especialistas em saúde pública alertam que a gestão da vacinação precisa ser feita com muita cautela para não haver falta de vacina, principalmente na segunda dose. Somente com essas duas aplicações é que o corpo adquire imunidade para combater o coronavírus.

Alguns estados, como Paraná, Rio Grande do Sul e Maranhão, adotaram a medida de estocar vacina para garantir que a segunda dose seja aplicada no tempo correto.

Na opinião de Gonzalo Vecina, um dos maiores médicos sanitaristas do país e que foi criador da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), como não há vacina para todos neste momento, o ideal seria os governos locais estabelecerem critérios dentro do destes grupos prioritários, como vacinar primeiro os profissionais de saúde que estão em UTIs de atendimento a pacientes com a covid-19, por exemplo.

“Nós não temos a segurança de que vai ter uma segunda dose. Enquanto o Butantan e a própria Fiocruz não estabelecerem um cronograma com o qual eles possam se comprometer, eu partiria da hipótese de que nós não teremos a próxima remessa. Por isso é muito bom garantir a segunda dose”, diz.

Ele ainda explica que no caso da Coronavac, desenvolvida pelo Instituto Butantan/Sinovac, reservar doses para a segunda aplicação é mais importante porque ela deve ser feita em no máximo 28 dias. Já a da Fiocruz/AstraZeneca pode ser aplicada em até 90 dias.

Na semana passada o Ministério da Saúde encaminhou um ofício ao Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass) e ao Conselho Nacional das Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) alertando para que todos os estados cumpram as diretrizes no Plano Nacional de Imunizações para que o país tenha vacinas suficientes para imunizar com as duas doses previstas.

“No caso da Coronavac eu preciso reservar a segunda dose, porque precisa ser feita em até 4 semanas e eu nem sempre vou ter a garantia de ter uma entrega suficiente. A nossa orientação é para que a gestão estadual faça uma reserva por questão de segurança”, disse Nereu Mansano, assessor técnico do Conass, durante live técnica com orientações sobre a Campanha Nacional de Vacinação contra a Covid-19 realizada nesta terça-feira.

Butantan recebe mais insumos na próxima semana

O Instituto Butantan vai receber no dia 3 de fevereiro mais insumos para fabricar cerca de 8,6 milhões de doses da vacina contra a covid-19. O acordo foi firmado nesta terça-feira, 26, em uma reunião entre o instituto, o governo de São Paulo e o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming.

Desde a semana passada o Butantan aguarda o envio de mais insumos para continuar a fabricação de imunizantes no país. A carga está parada na China desde o começo de janeiro, por questões alfandegárias, segundo o governo chinês.

De acordo com o diretor do Butantan, Dimas Covas, neste carregamento estão 5.400 litros de insumo que dão origem a 8,6 milhões de doses. A previsão é de que essas vacinas fiquem prontas em aproximadamente 20 dias.

No acordo ainda tem a previsão de um novo carregamento de 5.600 litros de matéria-prima, que também dão origem a um pouco mais de 8,6 milhões de doses.

Fiocruz negocia compra de 10 mi de doses prontas

A Fiocruz pretende importar mais 10 milhões de doses de vacinas prontas como forma de contornar o atraso da chegada dos insumos para a produção da vacina de AstraZeneca/Oxford no Brasil. Prevista inicialmente para chegar ao país ainda este mês, a matéria-prima vinda da China só deverá estar à disposição da Fundação na segunda semana de fevereiro.

As 10 milhões de novas doses se juntariam às duas milhões que chegaram da Índia na sexta-feira passada, dia 22. O novo lote do imunizante ainda está em negociação, e por isso ainda não há uma data definida de quando ele chegará ao Brasil.

(Com Estadão Conteúdo)

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