Brasil

Para Lava Jato, revisar delação da J&F é uma péssima ideia

Na tarde desta quarta-feira, o STF deve avaliar validade da delação premiada dos executivos do grupo J&F, que controla a JBS

 (Ueslei Marcelino/Reuters)

(Ueslei Marcelino/Reuters)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 21 de junho de 2017 às 13h22.

Última atualização em 21 de junho de 2017 às 16h56.

São Paulo – O debate no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre uma eventual revisão na  homologação do acordo de delação premiada dos irmãos Joesley e Wesley Batista, do grupo J&F, colocou a força-tarefa da operação Lava Jato em alerta.

Na tarde desta quarta-feira, os 11 ministros da mais alta corte do país devem avaliar dois pontos fundamentais para o avanço das investigações: a manutenção do ministro Edson Fachin como relator dos desdobramentos do caso do grupo J&F e julgar a própria homologação do acordo de delação premiada dos executivos do grupo.

Para a força-tarefa da Lava Jato, uma eventual sentença pela revisão do acordo afeta não só o caso que envolve o presidente Michel Temer como poderia colocar em xeque um dos principais instrumentos para o avanço das investigações dos casos de corrupção na Petrobras e em outras estatais até agora.

“A revisão da homologação do acordo, na prática, dificultará, se não impedirá, o avanço das investigações da Lava Jato”, afirmou o procurador Deltan Dallagnol em post publicado no início da tarde desta quarta-feira em sua página no Facebook.

De acordo com ele, uma eventual revisão da delação dos irmãos Batista “destruiria o ambiente e a segurança favorável à realização de todos os demais acordos com investigados e réus, o que é o motor propulsor das investigações Lava Jato”.

Isso porque, segundo ele, os investigados e réus só fecham colaborações premiadas porque há a certeza de que eles serão cumpridos. Se uma tratativa desse tipo for revistada, essa confiança estaria em xeque.

Além disso, defende Dallagnol, anular o acordo dos executivos da J&F poderá “deixar a descoberto as informações e provas recebidas. Você quer que finjamos não ver o ex-Deputado Rocha Loures correndo com 500 mil reais nas ruas de São Paulo?”, escreve no post assinado pelo também procurador da Lava Jato Carlos Fernando dos Santos Lima.

As delações e a Lava Jato

A Lava Jato é a primeira grande investigação do Brasil a usar sistematicamente a delação premiada como instrumento de apuração – a prática só foi regulamentada em agosto de 2013.

Até março deste ano, segundo dados da própria força-tarefa, 78 acordos do tipo com pessoas físicas tinham sido firmados pelo Ministério Público Federal no âmbito da operação – o número não leva em conta as tratativas da Odebrecht ou do grupo J&F.

O que está em jogo hoje

Dois pontos devem estar no centro do debate dos ministros do STF sobre o tema hoje. O primeiro deles é sobre de quem é a competência para homologar as colaborações premiadas – um ministro sozinho ou todo o plenário? Outra discussão deve ser sobre qual é o momento para o Supremo discutir a validade do acordo – na homologação ou só na hora da sentença?

Segundo informações do site de notícias jurídicas Jota, Fachin deve usar uma decisão da corte de agosto de 2015 sobre a homologação da delação do doleiro Alberto Yousseff para defender a manutenção do acordo com a J&F. Naquele momento, os então 11 ministros entenderam que a avaliação sobre a validade de um acordo só poderia ser dado por um juiz na hora da sentença.

De acordo com reportagem da agência Reuters publicada em EXAME.com, a tendência no Supremo é que Fachin, por uma maioria sólida, permaneça à frente da relatoria da JBS. Contudo, há nos bastidores uma divisão sobre a questão das delações. O resultado é imprevisível.

A sessão está sendo transmitida ao vivo por EXAME.com.

 

Acompanhe tudo sobre:Delação premiadaEdson FachinJ&FJBSOperação Lava JatoSupremo Tribunal Federal (STF)

Mais de Brasil

Reeleito em BH, Fuad Noman está internado após sentir fortes dores nas pernas

CNU divulga hoje notas de candidatos reintegrados ao concurso

Chuvas fortes no Nordeste, ventos no Sul e calor em SP: veja a previsão do tempo para a semana

Moraes deve encaminhar esta semana o relatório sobre tentativa de golpe à PGR