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Para isentar motos de pedágio, governo vai elevar preço para motoristas

A mudança, que será viabilizada por meio do aumento de tarifas cobradas de motoristas de carros e também de caminhões, avança no momento em que o presidente promove eventos com motoqueiros

Motos: a iniciativa foi confirmada em nota pelo Ministério da Infraestrutura e a previsão é gerar impacto de até 1% nas demais tarifas (CRMacedonio/Getty Images)

Motos: a iniciativa foi confirmada em nota pelo Ministério da Infraestrutura e a previsão é gerar impacto de até 1% nas demais tarifas (CRMacedonio/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 25 de maio de 2021 às 13h36.

Última atualização em 25 de maio de 2021 às 17h15.

Depois de anunciar um pacote de benefícios para os caminhoneiros, o presidente Jair Bolsonaro colocou em prática seu plano para isentar motociclistas do pagamento de pedágio. A mudança, que será viabilizada por meio do aumento de tarifas cobradas de motoristas de carros e também de caminhões, avança no momento em que o presidente promove eventos com motoqueiros, em tentativa de angariar apoio popular. O alvo da mudança são as futuras concessões de estradas, sem efeito para aquelas que já foram concedidas.

Mal recebida pelo corpo técnico do governo, a mudança já poderá valer para a nova concessão da Dutra, rodovia que liga São Paulo ao Rio de Janeiro, para a BR-381/262, entre Minas Gerais e Espírito Santo, e a BR-116/493, do Rio a Minas Gerais, além do projeto de concessões de rodovias no Paraná.

A iniciativa foi confirmada em nota pelo Ministério da Infraestrutura e a previsão é gerar impacto de até 1% nas demais tarifas. "O Ministério da Infraestrutura informa que já estuda a retirada da cobrança de pedágio aos motociclistas para as novas concessões de rodovias federais e trabalha para viabilizar essa mudança nos projetos que estão em andamento. A gratuidade não deve gerar grande impacto nas tarifas, segundos os estudos", informou a pasta.

No caso da Dutra, os estudos apontaram que a gratuidade vai provocar impacto médio de 0,5% nas tarifas pagas pelos demais usuários. No Paraná, o benefício deve onerar o pedágio de carros e caminhões entre 0,31% e 0,60%.

A iniciativa vai obrigar o ministério a alterar projetos que já foram até enviados para aval do TCU — último passo antes da publicação do edital de concessão. É o caso da BR-381/262 e da Dutra. A rodovia que liga São Paulo ao Rio, hoje administrada pela CCR, é a estrela do programa de concessões de rodovias. A relicitação envolve 625,8 quilômetros, com investimento previsto de mais de 14,5 bilhões de reais.

O tratamento desigual entre os usuários já foi classificado como "retrocesso" pela Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR). A posição foi dada quando Bolsonaro, ainda em julho do ano passado, lançou a ideia. À época, no entanto, o anúncio foi tratado internamente como promessa vazia.

Ontem, em nova nota, a ABCR afirmou que qualquer tipo de gratuidade "compromete" o equilíbrio das concessões, baseado no conceito de que, "quando todos pagam, todos pagam menos". A entidade estima que, em média, o impacto dessa isenção a motociclistas seja da ordem de 5% na receita de um projeto de concessão de rodovia.

Diante da insistência de Bolsonaro, a ala técnica procura amenizar a situação argumentando que o impacto médio para os demais usuários seria pequeno.

Os caminhoneiros já se posicionaram contra a medida. Para Aldacir Cadore, do Comando Nacional dos Transportes (CNT), mais um aumento poderá significar o colapso do transporte. "Está ficando inviável rodar."

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