O ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab: o PSD ficaria com o Ministério dos Transportes apenas no caso de Kassab assumir seu comando, afirmou o deputado Guilherme Campos (José Cruz/ABr)
Da Redação
Publicado em 7 de fevereiro de 2013 às 16h23.
Brasília - De olho na configuração da base aliada no Congresso e na formação da aliança para disputar a reeleição em 2014, a presidente Dilma Rousseff ofereceu ao PSD até três ministérios: Aviação Civil, Transportes e Micro e Pequenas Empresas, que ainda será criado, disse o deputado Guilherme Campos (PSD-SP) à Reuters.
Segundo Campos, o Ministério dos Transportes só ficaria com o partido se o presidente do partido, Gilberto Kassab, assumisse. "Ele não deve fazer isso", disse o deputado, que era líder da bancada quando a presidente fez a oferta ao novo partido.
A oferta de Dilma foi feita em dezembro a Kassab e ao vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, que também é presidente do Espaço Democrático, Fundação de Estudos e Formação Política do PSD.
Uma fonte do governo, que pediu para não ser identificada, confirmou à Reuters que o PSD integrará o primeiro escalão do governo, mas que os integrantes da legenda devem ocupar as pastas da Aviação Civil e Micro e Pequena Empresa.
O PSD, fundado em 2011 pelo ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, conta com 51 deputados, dois senadores e elegeu quase 500 prefeitos nas eleições de 2012.
Na comparação com o PSB, partido que pode deixar a aliança de Dilma em 2014 se decidir lançar o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, à Presidência em 2014, o PSD de Kassab leva vantagem na Câmara e no número de prefeitos. Os socialistas têm apenas 27 votos na Câmara, quatro no Senado, mas a legenda elegeu pouco mais de 440 prefeitos.
A oferta feita por Dilma tinha algumas condicionantes. A nomeação ocorreria depois que Kassab conseguisse o apoio formal do partido ao governo e à reeleição em 2014. A pasta dos Transportes só ficaria com a legenda se o próprio Kassab, como disse o ex-líder do PSD, assumisse o posto. E o partido também teria que aguardar a criação da pasta da Micro e Pequena Empresa, que ainda precisa ser aprovada no Senado.
Para essa vaga, a presidente prefere que o escolhido do PSD seja Afif Domingos, que inclusive já deu entrevistas indicando que aceitará o convite.
Afif tem experiência na área do empreendedorismo, mas ao convidá-lo Dilma também conseguiria trazer para o seu lado um aliado histórico dos tucanos em São Paulo, o que poderia ajudar numa aliança com o PT contra o projeto de reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB) em 2014.
Guilherme Campos, porém, acredita que se a aliança entre PSD e PSDB for desfeita em São Paulo será por culpa dos tucanos e não pelos movimentos da presidente.
"Eles (os tucanos) nos judiaram muito nas eleições (municipais)", disse o deputado.
Segundo ele, a tendência hoje é que o PSD lance a candidatura de Kassab ao governo do Estado. Também por isso Kassab deve declinar do convite da presidente para o Ministério dos Transportes. "Ele quer estruturar o partido e a candidatura", disse o parlamentar.
COTADOS PARA AVIAÇÃO CIVIL
Campos e o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Paulo Safady Simão, são os nomes mais cotados dentro do PSD para ocupar a Secretaria da Aviação Civil, cuja a substituição não provocaria desgastes políticos para Dilma, já que o atual ministro é um técnico dos quadros do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O deputado diz que tem a preferência da bancada, mas reconhece que Simão é mais próximo da presidente. "Ela tem uma simpatia muito grande pelo Simão, porque ele ajudou muito na elaboração do Minha Casa, Minha Vida", disse Campos.
Kassab tem trabalhado para anunciar o apoio formal ao governo em março e somente depois disso é que as nomeações ocorreriam.
"Pode até ser que demore um pouco mais, fique para abril", disse Campos.
O Palácio do Planalto disse, por meio de sua assessoria, que não comentaria essas informações.
Kassab, também por meio da assessoria, afirmou que as informações sobre as ofertas da presidente "são improcedentes".
Matéria atualizada em 07/02 às 17h22 para corrigir cargo que Guilherme Afif Domingos ocupa no PSD