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Para FHC, país vive um "momento preocupante"

Para FHC, o Brasil pode cair no autoritarismo se não houver reação a fatos como os ataques contra o STF no domingo

Fernando Henrique Cardoso: "Vivemos um momento preocupante, com atentado simbólico ao STF sem reação de autoridades maiores" (Nacho Doce/Reuters)

Fernando Henrique Cardoso: "Vivemos um momento preocupante, com atentado simbólico ao STF sem reação de autoridades maiores" (Nacho Doce/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 16 de junho de 2020 às 09h22.

Última atualização em 16 de junho de 2020 às 09h36.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que o Brasil vive "um momento preocupante", com ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e que não se pode dar como certo que, na democracia, as instituições vão sempre funcionar.

"Risco depende das circunstâncias de quem fale em nome da democracia e de quem a defenda", afirmou em entrevista no Brazil Forum UK 2020, evento da comunidade de estudantes brasileiros no Reino Unido.

O evento ocorre por videoconferência e tem transmissão nas plataformas do Estadão.

"Na questão da democracia, não se deve dar por assente que as instituições vão funcionar. Não estamos nos Estados Unidos ou na Inglaterra, onde as instituições provavelmente funcionam. É verdade que há liberdade de imprensa, Congresso assumindo posições, mas tem um problema: o povo está em casa com medo por causa do coronavírus, não se sente reação popular", disse o tucano.

Para FHC, o Brasil pode cair no autoritarismo se não houver reação a fatos como os ataques contra o STF no domingo. Perto da meia-noite, cerca de 30 manifestantes bolsonaristas simularam com fogos de artifício um ataque à Corte. Os fogos foram disparados na direção do edifício principal do STF, na Praça dos Três Poderes, enquanto os manifestantes xingavam ministros do tribunal.

"Vivemos um momento preocupante, com atentado simbólico ao STF sem reação de autoridades maiores. Há um clima em que você sente que as instituições estão com vigor, querendo reagir", declarou. "Mas nessas horas de dificuldade, não tenhamos dúvida, a instituição fundamental são as Forças Armadas. Nunca se sabe muito bem, mas não creio que eles tenham, como tinham em 64, um projeto de segurar a esquerda. Eles estão, acredito, com a Constituição. Ainda segundo o ex-presidente, falta rumo ao País. "A retórica do presidente vai no sentido do autoritarismo, mas na mão dele não se sente a espada. Estamos na zona cinzenta, ainda bem. Vai depender da reação. O STF reagiu bastante fortemente em função do que ocorreu ontem (domingo). O que não vejo é rumo. Mesmo (Bolsonaro) não tendo esse projeto (de autoritarismo), ele pode chegar lá. É um momento perigoso."

Polarização

Também participante do evento, a ex-presidente Dilma Rousseff afirmou que não vê um cenário possível para um impeachment de Bolsonaro neste momento. "Não acredito que estejam dadas as condições para Bolsonaro sofrer um impeachment e também acho que não tem condição de fazer um autogolpe", disse a petista.

Na avaliação dela, há uma escalada autoritária no País que coloca a polarização "no auge". A petista sofreu impeachment em 2016 durante período de marcada polarização política. "O governo trabalha na base da polarização da sociedade. É o tratamento dos adversários políticos como inimigos. É a política de ódio e violência. Há uma anomia do presidente, não tem uma liderança porque não é capaz de reconhecer a crise." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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