Guilherme Boulos: "O fato de ser uma eleição em dois turnos permite que, em um primeiro turno, se apresentem os projetos com suas diversidades particulares" (Roberto Parizotti/CUT/Divulgação)
Estadão Conteúdo
Publicado em 4 de junho de 2018 às 18h52.
São Paulo - Após a pré-candidata à Presidência da República Manuela d'Ávila (PCdoB) admitir que pode abrir mão da disputa em nome de uma união da esquerda no primeiro turno das eleições, o presidenciável do PSOL, Guilherme Boulos, afirmou que o debate sobre uma aliança no campo não ajuda no momento e que a junção dos partidos deve ocorrer somente na segunda etapa de votação.
Para ele, a unidade que PSOL, PT, PDT e PCdoB precisam ter neste momento é "em defesa da democracia e de direitos sociais", passando pela defesa da liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso e condenado pela Lava Jato, e pela discussão de caminhos para a saída das crises política e econômica.
"Neste momento, debater unidade eleitoral eu acho que não ajuda sequer essa unidade democrática tão necessária", disse Boulos ao Broadcast Político após participar do Fórum Internacional Tributário, organizado na capital paulista por entidades de agentes da Receita Federal e de auditores fiscais estaduais.
Além de manter a pré-candidatura ao Planalto, o PSOL pretende lançar candidatos a governador na maioria dos Estados brasileiros em uma aliança em bloco com o PCB. Em outros Estados, como no Acre, porém, o partido deve abrir mão de uma candidatura próprio em prol de uma coligação mais ampla.
Já no pleito presidencial, a legenda de Boulos avalia que uma aliança com PT ou PDT só seria possível em um eventual segundo turno. "O fato de ser uma eleição em dois turnos permite que, em um primeiro turno, se apresentem os projetos com suas diversidades particulares e, em um segundo turno, se construa a unidade de um campo mais amplo", disse Boulos.
Um dos pré-candidatos que incorporou a defesa do ex-presidente Lula em sua pré-campanha, Boulos pretende visitar o petista na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, onde o petista está preso há quase dois meses.
No fórum, o presidenciável defendeu uma reforma tributária que cobre impostos maiores dos mais riscos, abrindo ao menos uma nova faixa de Imposto de Renda, de 35%, sobre lucros e dividendos. Além disso, o PSOL defende um imposto sobre grandes fortunas e um tributo territorial rural.
O pré-candidato do PSOL criticou os programas de renegociação de dívidas para produtores rurais. "Quem não paga não tem que ter Refis, tem que ter desapropriação e perder a terra por dívida", defendeu.