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Para 74%, dinheiro na cueca de aliado não altera avaliação de Bolsonaro

Pesquisa EXAME/IDEIA mostra que maioria dos brasileiros não mudou a opinião sobre o governo por causa dos R$ 30 mil em cueca do senador Chico Rodrigues

Senador Chico Rodrigues, que renunciou ao mandato depois de ser flagrado com dinheiro na cueca (Adriano Machado/Reuters)

Senador Chico Rodrigues, que renunciou ao mandato depois de ser flagrado com dinheiro na cueca (Adriano Machado/Reuters)

CA

Carla Aranha

Publicado em 23 de outubro de 2020 às 08h00.

Última atualização em 23 de outubro de 2020 às 08h03.

O episódio no qual o vice-líder do governo no Senado, Chico Rodrigues (DEM-RR), foi pego em flagrante com 30.000 de reais na cueca não abalou a percepção dos brasileiros sobres casos de desvios de dinheiro relacionados a aliados do presidente. Para 74% das pessoas, o episódio não altera a avaliação sobre o governo. Apenas 20% consideram que o flagrante no senador mudou o modo como enxergam o presidente.  O cenário político e econômico está em constante mudança no Brasil. Venha aprender o que realmente importa com quem conhece na EXAME Research.

É o que revela uma pesquisa inédita EXAME/IDEIA, projeto que une Exame Research, braço de análise de investimentos da EXAME, e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública.

O levantamento também aponta que 44% dos brasileiros sequer ouviram falar do esquema de corrupção. Outros 52% disseram ter conhecimento do episódio e 4% não souberam responder.

PESQUISA EXAME/IDEIA PERGUNTOU: Recentemente o senador e vice-líder do governo Bolsonaro no Senado, Chico Rodrigues, foi pego numa operação da Polícia Federal escondendo dinheiro de corrupção na sua roupa íntima (cueca). Você por acaso soube ou ouviu falar sobre esse fato?

(EXAME/IDEIA/Exame)

O senador tentou esconder o dinheiro em suas roupas íntimas durante uma operação da Polícia Federal em Boa Vista, no Acre, sobre desvios de recursos públicos destinados ao combate da pandemia. A PF realizou uma ação de busca e apreensão na casa de Rodrigues. O senador se licenciou do mandato na última terça, 20, por 120 dias.

O levantamento foi realizado entre os dias 19 e 22 de outubro com 1.200 pessoas, por telefone, em todas as regiões do país. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.

PESQUISA EXAME/IDEIA PERGUNTOU: Esse fato muda a sua avaliação sobre o governo do presidente Jair Bolsonaro? Diria que:

(EXAME/IDEIA/Exame)

Entre os brasileiros para os quais o dinheiro vivo na cueca do senador não teve impacto na avaliação do do presidente, 89% avaliam o governo como regular, com viés de aprovação do presidente, seguidos por 66% que consideram o governo bom ou ótimo.

“A percepção sobre corrupção passa por um viés cognitivo, bastante associado à aprovação ou desaprovação do líder máximo da nação”, diz Mauricio Moura, fundador do IDEIA. “Isso não acontece apenas no Brasil, é um fenômeno que acontece em praticamente todos os países com um regime presidencialista, centrado na figura de representante supremo”.

PESQUISA EXAME/IDEIA PERGUNTOU: Pensando sobre as ações que o governo federal tem tomado no combate à corrupção, você diria que durante o governo do presidente Bolsonaro a corrupção no Brasil aumentou, diminuiu ou está igual à antes?

(EXAME/IDEIA/Exame)

Para 37% dos brasileiros, a percepção sobre corrupção no governo nem aumentou nem diminuiu depois do flagra no senador. Outros 34% disseram que a corrupção aumentou, enquanto para 25%, diminuiu. Cerca de 5% não souberam opinar.

Entre aqueles que apontaram uma percepção de redução da corrupção, 61% consideram o governo bom ou ótimo. Entre os brasileiros que dizem ter havido um aumento na corrupção, 87% avaliam o governo como ruim ou péssimo.

EXAME/IDEIA também perguntou a opinião dos brasileiros sobre a possibilidade de ocorrem novos casos de corrupção no país. A população se encontra dividida a esse respeito. Para um terço, as fraudes devem aumentar. Outros 27% disseram que a corrupção deve diminuir e para 35% vai ficar igual.

As respostas estão diretamente relacionadas, mais uma vez, ao sentimento da população sobre o governo. Entre os 29% que acreditam em um aumento da corrupção, 43% desaprovam o governo, enquanto 32% não aprovam nem desaprovam. Outros 14% estão satisfeitos com o trabalho do presidente.

PESQUISA EXAME/IDEIA PERGUNTOU: e na sua opinião, você acredita que nos próximos meses a corrupção no Brasil vai aumentar, vai diminuir ou vai se manter igual?

EXAME/IDEIA

(EXAME/IDEIA/Exame)

Não foram observadas diferenças significativas em relação à classe social. Há variações, no entanto, conforme a região do país. Os mais otimistas sobre a redução de casos de desvios de dinheiro se encontram no Centro-Oeste (32%). Para 34% dos que vivem no Nordeste, a corrupção deve aumentar. Os moradores do Sudeste revelam-se mais em cima do muro: para 40%, nada vai mudar.

“Essas variações regionais também estão ligadas à percepção sobre o trabalho do presidente”, diz Moura. “Para mudar esse quadro, só mesmo um escândalo de corrupção do tamanho de um elefante”.

 

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