Dilma Rousseff em desfile de 7 de setembro de 2015: participantes de pesquisa apostam em sua renúncia (REUTERS/Ueslei Marcelino)
Talita Abrantes
Publicado em 16 de setembro de 2015 às 19h02.
São Paulo – Para uma boa parte dos brasileiros, o governo de Dilma Rousseff não dura até 2018, quando oficialmente aconteceriam novas eleições presidenciais. É o que revela sondagem feita pela consultoria Ideia Inteligência a pedido do Brazil Institute/Wilson Center, de Washington, nos Estados Unidos.
Segundo o levantamento, só 32% dos entrevistados pela consultoria apostam na hipótese de que a presidente consiga terminar o mandato até o dia 31 de dezembro de 2018.
Entre as pessoas que apostam no fim do mandato de Dilma, a maior parte crê na renúncia da petista.
Entre os analistas políticos, contudo, essa ideia ainda é remota. A própria Dilma tem afirmado repetidas vezes que irá lutar para permanecer no cargo. Exemplo disso foi seu discurso durante a Marcha das Margaridas, em agosto. Valendo-se do trecho de uma canção de Lenine, a presidente afirmou: "Podemos envergar, mas não quebramos. Seguimos em frente", disse.
A questão é até que ponto ela irá aguentar a pressão política por todos os lados. Nos últimos dias, o clima Planalto - que já não estava bom - ficou mais denso com o corte da nota de crédito do país e a necessidade do governo reagir (de maneira apressada) com medidas impopulares.
Apesar de ter sido concluído no dia em que o governo anunciou cortes e criação de novos impostos, o estudo endossa o cenário de baixas taxas de aprovação do segundo mandato. No total, 71% dos entrevistados consideram a gestão de Dilma como ruim ou péssima – mesmo percentual computado pelo Datafolha em agosto passado.
Na corda bamba?
Ontem, deputados da Frente Parlamentar Pró-Impeachment enviaram uma questão de ordem ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha, questionando os rituais para abertura de um processo de impeachment da petista. A ideia dos oposicionistas é começar o processo com base no parecer protocolado pelo jurista Hélio Bicudo, um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT).
No relatório, Bicudo afirma que o Brasil está mergulhado em uma crise econômica, política “e, sobretudo, moral”. Ele vale-se de dois argumentos possíveis para embasar o documento contra a presidente.
Um deles é a manobra conhecida como “pedalada fiscal”, utilizada pelo governo para maquiar o resultado das contas públicas. O outro é a suspeita de que a campanha de Dilma à reeleição em 2014 recebeu dinheiro proveniente do caso de corrupção da Petrobras.
Na última segunda-feira, Cunha pediu a Bicudo que adequasse o pedido às regras do Parlamento. O jurista deve entregar uma nova versão até a próxima quinta-feira.
Até a última quinta-feira, segundo análise da consultoria Tendências, risco de impeachment estava em 30%.
Metodologia da pesquisa: Para chegar a esses dados, a Ideia Inteligência entrevistou 20 mil pessoas de 143 cidades brasileiras entre 10 e 14 de setembro. A margem de erro é de 1,3%.