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Papa pede diálogo para fim de protestos no Brasil

Em discurso aos líderes culturais e empresariais do Brasil, Francisco disse que o diálogo construtivo é "fundamental para enfrentar o presente"

Arredores do Theatro Municipal onde o Papa se encontrou com representantes de diversos segmentos da sociedade civil brasileira hoje (Agência Brasil/ Tânia Rêgo)

Arredores do Theatro Municipal onde o Papa se encontrou com representantes de diversos segmentos da sociedade civil brasileira hoje (Agência Brasil/ Tânia Rêgo)

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Da Redação

Publicado em 27 de julho de 2013 às 16h51.

Rio de Janeiro - O papa Francisco afirmou neste sábado que os líderes devem trabalhar sobre as questões levantadas pelos protestos no Brasil e pediu aos padres de todo o mundo que deixem sua zona de conforto para servir os mais pobres e necessitados.

Em discurso aos líderes culturais e empresariais do Brasil no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Francisco disse que o diálogo construtivo é "fundamental para enfrentar o presente", em sua primeira menção direta aos protestos.

Em junho, milhares de manifestantes tomaram as ruas das principais cidades do país para protestar contra a baixa qualidade dos serviços públicos e corrupção, entre outros temas. A maior parte dos manifestantes é composta por jovens.

"Entre a indiferença egoísta e o protesto violento, há uma opção sempre possível: o diálogo. O diálogo entre as gerações, o diálogo com o povo, a capacidade de dar e receber, permanecendo abertos à verdade", disse o papa.

Ele pediu aos líderes para não ficarem surdos diante "dos gritos por justiça (que) continuam ainda hoje" e, em uma aparente referência à corrupção, falou sobre "a tarefa de reabilitar a política".

Francisco recebeu no palco alguns indígenas brasileiros e foi presenteado com um cocar de penas.

O papa começou seu penúltimo dia no Brasil incitando os padres a saírem de suas zonas de conforto e irem às ruas e favelas.

"Não podemos ficar encerrados na paróquia, nas nossas comunidades, quando há tanta gente esperando o Evangelho", disse ele durante a missa celebrada na Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro.

Desde sua eleição em março como o primeiro papa não-europeu em 1.300 anos, Francisco tem cobrado que os líderes da Igreja pensem menos em suas próprias carreiras na Igreja e ouçam mais o choro dos famintos, para preencher seus vazios material e espiritual.


"Não se trata simplesmente de abrir a porta para acolher, mas de sair pela porta a fora para procurar e encontrar", disse.

Cardeal das favelas

Conhecido como o "cardeal das favelas" em sua Argentina natal, por causa de seu estilo de vida austero e as visitas a áreas pobres, Francisco fez uma convocação ao clero para que assuma riscos e circule entre os fiéis mais necessitados.

"É nas favelas que nós devemos ir procurar e servir a Cristo", disse, fazendo referência a Madre Teresa de Calcutá.

Milhares de pessoas buscam ver o papa argentino desde sua chegada ao Brasil na segunda-feira para os eventos da Jornada Mundial da Juventude.

O primeiro papa latino-americano está claramente entusiasmando, num momento em que a Igreja Católica, que já foi uma força inabalável no continente, se esforça para manter seus fiéis.

Na sexta-feira à noite, em uma reunião na praia de Copacabana, ele exortou os jovens a mudar um mundo onde a comida é jogada fora enquanto milhões de pessoas passam fome, onde o racismo e a violência ainda afrontam a dignidade humana e onde a política está mais associada com a corrupção do que o serviço público.

Durante uma visita a uma favela do Rio na quinta-feira, ele pediu aos moradores para não perder a confiança e não deixar que sua esperança se extinga. Muitos jovens no Brasil viram isso como um apoio às manifestações pacíficas com o objetivo de trazer mudanças.

Na favela, ele publicou o primeiro manifesto social de seu jovem pontificado, dizendo que o mundo rico tem que fazer muito mais para acabar com as grandes desigualdades entre os que têm e os que não têm.

A Jornada Mundial da Juventude termina no domingo, quando Francisco preside a missa de encerramento, antes de regressar a Roma à noite.

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