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Papa Francisco recebe líder indígena Raoni em audiência privada

Viagem de Raoni acontece em meio a tensões com o Jair Bolsonaro, que tem se mostrado favorável à exploração de áreas protegidas

Papa Francisco: Papa recebe o cacique Raoni nesta segunda-feira (afp/AFP)

Papa Francisco: Papa recebe o cacique Raoni nesta segunda-feira (afp/AFP)

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AFP

Publicado em 27 de maio de 2019 às 08h53.

Última atualização em 27 de maio de 2019 às 11h49.

O Papa Francisco recebe nesta segunda-feira no Vaticano o líder indígena Raoni, um importante aliado na defesa da Amazônia, um dos grandes desafios do primeiro pontífice latino-americano.

O indígena brasileiro iniciou em 12 de maio uma excursão de três semanas pela Europa, onde foi recebido por chefes de Estado, marchou com jovens em favor do clima e agora se reúne com o Papa.

"Com este encontro, o Papa Francisco quer reiterar sua atenção pela população e pelo meio ambiente da região amazônica e seu compromisso com a proteção da Casa Comum", explicou no domingo o porta-voz do Papa, Alessandro Gisotti.

Considerado o pontífice mais sensível aos problemas ecológicos após a publicação em 2015 da encíclica "Laudato Si", o Papa argentino convocou para outubro deste ano um sínodo ou assembleia de bispos sobre a Amazônia, a fim de proteger os povos desta região que abrange nove países e é considerada o pulmão do planeta.

"A audiência com Raoni também faz parte da preparação para a Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a região Panamazônica, a ser realizada de 6 a 27 outubro, com o tema 'Amazônia: Novos caminhos para a Igreja e para Ecologia'", precisou Gisotti.

O líder Kayapó, que viaja acompanhado de outros três líderes indígenas do Xingu, tem sofrido a devastação de seu vasto território, ameaçado pelo desmatamento, pelo agronegócio e pela indústria madeireira.

Um fenômeno que o próprio Papa denunciou quando visitou Puerto Maldonado em janeiro de 2018, uma cidade rural no sudeste do Peru, cercada pela floresta amazônica.

A preocupação do Papa com as ameaças contra esse santuário da biodiversidade coincide com a de muitas populações amazônicas, determinadas a defender sua identidade e seus costumes.

É a primeira vez que a Igreja Católica apoia oficialmente atividades concretas em favor do cuidado ambiental, inclusive nas paróquias.

A viagem de Raoni acontece em meio a tensões com o presidente Jair Bolsonaro, que tem se mostrado favorável à exploração de áreas protegidas.

O cardeal brasileiro Cláudio Hummes, próximo ao Papa, relator geral do Sínodo a ser realizado de 6 a 27 de outubro, reconheceu recentemente em Roma que a defesa da Amazônia gera muitas "resistências e incompreensões".

"Os interesses econômicos e o paradigma tecnocrático são contrários a qualquer tentativa de mudança e estão prontos a se imporem com força, violando os direitos fundamentais das populações no território e as normasde sustentabilidade e proteção da Amazônia", explicou Hummes.

A igreja de Francisco também está empenhada em proteger "os esquecidos" da floresta amazônica, as populações mais pobres.

A Amazônia é habitada por 390 povos com uma identidade cultural e uma língua própria, e tem cerca de 120 aldeias livres em isolamento voluntário.

Este território, compartilhado por nove países e habitado por cerca de 34 milhões de pessoas, abriga 20% da água doce não congelada do mundo, 34% das florestas primárias e 30-50% da fauna e flora do planeta.

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