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Papa faz apelo aos jovens para mudar mundo injusto

Pontífice pediu para que jovens mudem um mundo em que comida é jogada fora enquanto milhões passam fome e onde a política está mais ligada à corrupção do que aos serviços

Papa Francisco discursa durante a encenação da Via Crucis, na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro (Stefano Rellandini/Reuters)

Papa Francisco discursa durante a encenação da Via Crucis, na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro (Stefano Rellandini/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 26 de julho de 2013 às 21h17.

Rio de Janeiro - A papa Francisco fez uma apelo aos jovens nesta sexta-feira para que mudem um mundo em que comida é jogada fora enquanto milhões passam fome, onde o racismo e a violência ainda afrontam a dignidade humana e a política está mais ligada à corrupção do que aos serviços.

Francisco, no quinto dia de viagem ao Brasil que vai até domingo, acompanhou a encenação da Via Crucis na praia de Copacabana como parte das celebrações da Jornada Mundial da Juventude, evento com a presença de milhares de fiéis brasileiros e de várias partes do mundo.

Centenas de milhares de pessoas lotaram a orla de Copacabana para acompanhar a representação teatral diante do papa argentino, que recebeu mais uma saudação calorosa do público ao percorrer um trajeto de cerca de 3 quilômetros de papamóvel.

O pontífice, que beijou vários bebês e cumprimentou dezenas de fiéis ao longo do trajeto, desceu duas vezes do carro para benzer uma imagem de São Francisco e para abençoar homens e mulheres em cadeiras de rodas.

Em seu discurso após a encenação da Via Crucis, Francisco usou a analogia com o sofrimento de Jesus para pedir aos jovens que diminuam os sofrimentos do mundo. O papa lembrou as vítimas da tragédia na boate Kiss, em Santa Maria (RS), onde mais de 240 pessoas morreram em consequência de um incêndio, em janeiro.

O pontífice falou também sobre "o silêncio das vítimas da violência, que já não podem clamar, sobretudo os inocentes e indefesos", e acrescentou que Jesus está ao lado das famílias cujos filhos foram vítimas da violência e das drogas.

"Jesus se une a todas as pessoas que passam fome, num mundo que todos os dias joga fora toneladas de comida... Jesus se une a quem é perseguido pela religião, pelas ideias, ou simplesmente pela cor da pele", disse o papa.

Desde que foi eleito em março, Francisco tem adotado posições firmes e disse diversas vezes que a especulação financeira e a corrupção têm causado a fome para milhões de pessoas.


Em seu discurso, o papa fez referência a "tantos jovens que perderam a confiança nas instituições políticas, por verem egoísmo e corrupção". Fez ainda referência aos escândalos de abuso sexual que atingiram a congregação e lembrou os que "perderam a fé na Igreja, e até mesmo em Deus, pela incoerência de cristãos e de ministros do Evangelho".

Protestos

O papa cobrou dos jovens que não sejam como Pôncio Pilatos, que lavou suas mãos sobre o destino de Jesus, segundo a crença cristã.

Essa foi a segunda vez em dois dias que o papa fez um apelo aos jovens, que lideraram os protestos de junho no país para pedir melhores serviços públicos na saúde, na educação e o combate à corrupção.

Durante visita à favela de Varginha, na zona norte do Rio, na quinta-feira, ele fez uma cobrança para que a juventude não perca a confiança e não deixe a esperança se apagar.

Enquanto o papa acompanhava a Via Crucis, centenas de manifestantes realizavam um protesto também em Copacabana. A polícia acompanhou de perto um grupo de centenas manifestantes mascarados pedindo a renúncia do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), e os próprios peregrinos montaram um corredor humano para evitar o contato dos fiéis com os manifestantes.

O evento em Copacabana, onde o papa também atraiu uma multidão de quase 1 milhão de pessoas na quinta-feira, encerrou mais um dia de uma agenda lotada do pontífice no Rio.

Pela manhã, Francisco assumiu funções de um simples padre e escutou confissões de jovens que participam da JMJ, e depois almoçou com jovens e se reuniu com menores infratores.

A Via Crucis foi representada em 14 estações espalhadas pela orla, sendo que a última no palco principal, por atores voluntários e personalidades católicas, que retrataram o sofrimento de Jesus e "as dores" presentes na sociedade de hoje. O papa acompanhou a celebração de uma tevê a partir do palco principal.

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