Rio de Janeiro - Como um sacerdote qualquer, o papa Francisco confessou nesta sexta-feira cinco jovens participantes da 28ª Jornada Mundial da Juventude, em um dia em que o santo padre enalteceu a importância dos avós nas vidas das famílias e disse que crianças e os idosos são responsáveis pelo futuro.

"Crianças e anciãos constroem o futuro dos povos; as crianças porque levarão adiante a história, os anciãos porque transmitem a experiência e a sabedoria de suas vidas. Esta relação, este diálogo entre as gerações é um tesouro que deve ser conservado e alimentado", disse o papa durante a reza do Angelus.

Em um dia ensolarado, depois de uma semana de chuva no Rio, e sempre seguido por milhares de fiéis que não deixaram de expressar seu carinho, o papa foi à Quinta da Boa Vista, onde ocupou um dos 50 confessionários instalados para a JMJ e como um padre confessou a cinco jovens, três rapazes e duas moças, no ato mais íntimo e reservado da programação do evento.

Para respeitar a privacidade do encontro, o confessionário estava em um lugar reservado do parque. Três brasileiros, um venezuelano e uma italiana disseram ter sentido "uma grande emoção" por esse privilégio e ressaltaram que a simplicidade e a franqueza do papa facilitaram a confissão.

Com este gesto, Francisco deu continuidade à tradição começada por Bento XVI, que na JMJ de Madri, em 2011, também confessou quatro pessoas, dois homens e duas mulheres, em um parque da capital espanhola.

Após as confissões, Francisco foi de papamóvel ao Palácio São Joaquim, no bairro da Glória, onde manteve um encontro privado com cinco jovens que cumprem pena de prisão. O encontro aconteceu em uma sala no andar de baixo, diante da presença de educadores dos detidos. Por ter se tratado de um ato muito reservado, não foram divulgadas mais informações, apenas a existência do encontro.

Em seguida o Papa foi para a sacada do palácio e, recebido com vivas, aplausos e com palavras de ordem como "Esta é a juventude do papa" por dezenas de milhares de pessoas, Francisco iniciou a reza do Angelus.

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O pontífice lembrou que hoje a Igreja festeja o dia de São Joaquim e Sant'Ana, pais de Maria e avós de Jesus, e disse que os dois santos fazem parte "de uma longa corrente que transmitiu a fé e o amor a Deus no seio da família.

"Vemos aqui o valor precioso da família como lugar privilegiado para transmitir a fé", acrescentou.

Francisco lembrou que em muitos países do mundo se celebra hoje o dia dos avós: "Os avós são importantes na vida da família, para comunicar o patrimônio de humanidade e da fé que é essencial para qualquer sociedade".

O Bispo de Roma disse também que é muito importante o encontro e o diálogo entre as gerações, principalmente dentro da família: "esta relação, este diálogo entre as gerações é um tesouro que deve ser conservado e alimentado".

Francisco assegurou que nas Jornadas da Juventude os jovens cumprimentam os avós "com muito carinho e agradecem pelo testemunho de sabedoria que nos oferecem continuamente".

Após o angelus, Francisco se reuniu com os membros do comitê local da JMJ e almoçou no Palácio São Joaquim com doze jovens, dois por continente, e mais dois brasileiros.

Já na missa privada que celebrou hoje cedo, o papa expressou o desejo de envelhecer com sabedoria e dignidade. "Que seja como o bom vinho, que quando envelhece melhora. Que Deus nos doe a graça de envelhecer com sabedoria, com dignidade", disse Francisco diante de vários jesuítas - sua congregação - que assistiram ao rito.

Esta noite, Francisco presidirá na praia de Copacabana a tradicional Via Sacra da Jornada Mundial da Juventude, um dos momentos mais importantes da JMJ. Os textos das 14 estações farão referência às missões, à conversão, às mães jovens, à defesa da vida, à vida dos casais, às mulheres que sofrem, aos estudantes, às prisões e às doenças.