Brasil

Palocci gerenciava as propinas para Lula, diz Duque

O ex-diretor da Petrobras detalhou acertos referentes a contratos da Sete Brasil com estaleiros, que rendiam propinas à diretoria da estatal e ao PT

Antonio Palocci: o depoimento de Duque foi dado no âmbito de ação penal contra Palocci, ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato na primeira instância (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Antonio Palocci: o depoimento de Duque foi dado no âmbito de ação penal contra Palocci, ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato na primeira instância (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 5 de maio de 2017 às 18h53.

São Paulo - O ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque revelou nesta sexta-feira, 5, que o ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda-Casa Civil/Governos Lula e Dilma) "gerenciava" as propinas para o ex-presidente Lula no âmbito de contratos da Petrobras.

Duque detalhou acertos referentes a contratos da Sete Brasil com estaleiros, que rendiam propinas à diretoria da Petrobras e ao PT - especificamente Lula, José Dirceu e João Vaccari Neto, segundo ele.

O depoimento foi dado no âmbito de ação penal contra Palocci, ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância.

Segundo Duque, a propina oriunda de contratos para a construção de sondas de exploração do pré-sal era repartida entre agentes da Petrobras e foi negociada pelo ex-gerente da estatal Pedro Barusco.

Os acertos teriam sido feitos em 2012, também supostamente com a participação do então tesoureiro do PT João Vaccari Neto.

"Barusco volta e diz para Vaccari que fechou com os estaleiros a participação de 1% em todos os contratos. Sendo que Keppel e Jurong (estaleiros) tinha fechado 0,9%. E ele propôs nessa ocasião uma divisão ao estilo que ele praticou na engenharia de 0,5% para 'Casa' e metade para o partido".

"Casa" é como ficou conhecido o grupo de dirigentes da Petrobras contemplado com propinas.

De acordo com o ex-diretor de Serviços da estatal, João Vaccari Neto tratava diretamente sobre os valores com o "doutor Antônio" [Antonio Palocci], porque Lula havia "encarregado Palocci para cuidar do assunto".

"Vaccari vai, tem essa conversa, retoma e diz: 'Olha, a posição é de um terço para a 'Casa' e 'dois terços' para o partido. Aí o Barusco disse que isso era injusto e reclamou. Eu intervim e disse: 'Calma, você pode ser tirado daí e ficar com zero, melhor não reclamar'. Ficou certo um terço para 'Casa' e dois terços para o PT", afirmou.

O codinome "Casa 1" era referente aos diretores da Petrobras, que, àquela época, era representada por Renato Duque. "Casa 2" é o apelido para os servidores da Sete Brasil, detentora do contrato, e tinha como referência Eduardo Musa, Pedro Barusco e João Ferraz.

Outro lado

Segundo o Instituto Lula, "o depoimento do ex-diretor da Petrobras Renato Duque é mais uma tentativa de fabricar acusações ao ex-presidente Lula nas negociações entre os procuradores da Lava Jato e réus condenados, em troca de redução de pena. Como não conseguiram produzir nenhuma prova das denúncias levianas contra o ex-presidente, depois de dois anos de investigações, quebra de sigilos e violação de telefonemas, restou aos acusadores de Lula apelar para a fabricação de depoimentos mentirosos".

"O desespero dos procuradores aumentou com a aproximação da audiência em que Lula vai, finalmente, apresentar ao juízo a verdade dos fatos. A audiência de Lula foi adiada em uma semana sob o falso pretexto de garantir a segurança pública. Na verdade, como vinha alertando a defesa de Lula, o adiamento serviu unicamente para encaixar nos autos depoimentos fabricados de ex-diretores da OAS (Leo Pinheiro e Agenor Medeiros) e, agora, o de Renato Duque."

Ainda conforme o Instituto Lula, "os três depoentes, que nunca haviam mencionado o ex-presidente Lula ao longo do processo, são pessoas condenadas a penas de mais de 20 anos de prisão, encontrando-se objetivamente coagidas a negociar benefícios penais. Estranhamente, veículos da imprensa e da blogosfera vinham antecipando o suposto teor dos depoimentos, sempre com o sentido de comprometer Lula".

"O que assistimos nos últimos dias foi mais uma etapa dessa desesperada gincana, nos tribunais e na mídia, em busca de uma prova contra Lula, prova que não existe na realidade e muito menos nos autos."

Acompanhe tudo sobre:Antonio PalocciCorrupçãoLuiz Inácio Lula da SilvaOperação Lava JatoSergio Moro

Mais de Brasil

Brasil pode ser líder em aço verde se transformar indústria com descarbonização, dizem pesquisadores

Cassinos físicos devem ser aprovados até 2026 e temos tecnologia pronta, diz CEO da Pay4fun

Com aval de Bolsonaro, eleição em 2026 entre Lula e Tarcísio seria espetacular, diz Maia

Após ordem de Moraes, Anatel informa que operadoras bloquearam acesso ao Rumble no Brasil