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Palocci diz ter sugerido a Lula compra formal de terreno

Segundo ele, as relações delituosas entre o PT e a empreiteira já estavam 'monstruosas'.

Antonio Palocci: em delação ex-ministro compromete Lula (Renato Araújo/Agência Brasil/Agência Brasil)

Antonio Palocci: em delação ex-ministro compromete Lula (Renato Araújo/Agência Brasil/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 7 de setembro de 2017 às 15h34.

São Paulo - O ex-ministro Antonio Palocci alegou, ao juiz federal Sérgio Moro, nesta quarta-feira (6) ter aconselhado o ex-presidente Lula que recebesse o terreno onde seria sediado o Instituto Lula como doação formal, ou 'revestida de formalidade', porque, segundo ele, as relações delituosas entre o PT e a empreiteira já estavam 'monstruosas' e a suposta aquisição, de forma encoberta pela Odebrecht, poderia criar uma 'fratura exposta desnecessária'.

Palocci foi preso na Operação Omertà, desdobramento da Lava Jato, em setembro de 2016, e condenado por Moro a 12 anos e 2 meses de prisão. Ele está tentando fechar acordo de delação premiada com a força-tarefa do Ministério Público Federal.

O ex-ministro resolveu confessar seus crimes em interrogatório no âmbito de processo relacionado à suposta compra, pela Odebrecht, do apartamento vizinho ao de Lula, em São Bernardo do Campo, e do terreno onde seria sediado o Instituto Lula. Segundo o Ministério Público Federal, os imóveis são formas de pagamento a Lula de vantagens indevidas.

Palocci afirmou ter conversado sobre a compra do imóvel com o amigo de Lula, José Carlos Bumlai, que teria relatado que seu parente, Glaucos Costamarques, compraria o terreno da mesma forma que já estaria fazendo com o apartamento vizinho ao do ex-presidente, em São Bernardo. "Eu fiz perguntas [A Bumlai]: eu não tô entendendo o que estão fazendo. O instituto não vai ser feito para receber doações de empresas? Para pintar de cores melhores, doações licitas e ilícitas, confesso, não é para isso que está fazendo o instituto? Então por que vamos inaugurá-lo já com ilegalidade deste tamanho? Vão comprar agora em nome de vocês?"

O ex-ministro ainda diz ter se encontrado com Lula para questioná-lo sobre as aquisições. "Aí eu voltei ao presidente: presidente do que se trata esse apartamento? Aí ele explicou que a segurança tinha alugado e que ele gostou daquele apartamento e que era um andar com dois, como ele tem 5 filhos ficaria melhor e estava pensando em comprar o apartamento."

Em seguida, alegou ter voltado a falar com Bumlai sobre a compra do imóvel. "Aí eu voltei a falar com ele sobre o prédio do instituto e falei da minha conversa com Bumlai: 'Eu to preocupado e não gostaria de fazer desse jeito. Eu acho que Se o senhor está fazendo um instituto para receber doações e fazer sua atividade, não sei por que procurar agora um terreno e porque não esperar. Não tem problema nenhum receber doação da Odebrecht, mas que seja formal ou revestida de formalidade. Eu comentei com ele nesse dia que nosso ilícito com Odebrecht está monstruoso e, se fizer esse tipo de operação, vamos criar uma fratura exposta desnecessária", relatou.

Nesta quarta-feira (6), espontaneamente, Palocci confessou ainda ter intermediado relações delituosas entre o Lula e o grupo Odebrecht. Segundo o ex-ministro a empreiteira ofereceu um pacote de propinas que envolve R$ 300 milhões, o terreno onde seria sediado o Instituto Lula e o sítio em Atibaia.

COM A PALAVRA, A DEFESA DE LULA

"Palocci muda depoimento em busca de delação O depoimento de Palocci é contraditório com outros depoimentos de testemunhas, réus, delatores da Odebrecht e com as provas apresentadas.

Preso e sob pressão, Palocci negocia com o MP acordo de delação que exige que se justifiquem acusações falsas e sem provas contra Lula.

Como Léo Pinheiro e Delcídio, Palocci repete papel de validar, sem provas, as acusações do MP para obter redução de pena.

Palocci compareceu ato pronto para emitir frases e expressões de efeito, como "pacto de sangue", esta última anotada em papéis por ele usados na audiência.

Após cumprirem este papel, delações informais de Delcídio e Léo Pinheiro foram desacreditadas, inclusive pelo MP.

Cristiano Zanin Martins"

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