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Palestino detido no Aeroporto de Guarulhos será deportado para o Catar

PF diz que ele tem ligação com o Hamas; medida acontece depois de decisão judicial

Agência o Globo
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Publicado em 24 de junho de 2024 às 12h34.

A Justiça Federal de São Paulo decidiu autorizar neste domingo, 23, a deportação do palestino Muslim M. A Abuumar, de 37 anos, que estava retido no aeroporto de Guarulhos (SP) desde sexta-feira, 21, por suspeita de ligação com um grupo terrorista. Na noite de hoje, ele embarcou em um voo para Doha, no Catar, que seguirá depois para Kuala Lumpur, na Malásia, de onde ele partiu na última semana.

A juíza plantonista Millena Cunha decidiu revogar a liminar que havia concedido ontem para impedir a extradição, enquanto a Polícia Federal (PF) não fornecesse mais explicações sobre a apreensão do palestino. A PF mostrou à Justiça que Abuumar consta em uma lista de pessoas ligadas ao Hamas - grupo responsável por um ataque terrorista que matou mais de 1,2 mil de pessoas em Israel, em outubro de 2023, e desencadeou uma guerra na Faixa de Gaza desde então.

As informações terim sido fornecidas à PF pelo Federal Bureau of Investigation (FBI), com o qual o órgão brasileiro possui acordos e protocolos de cooperação.

Oficialmente, a PF informou, em nota, que a "decisão judicial entendeu legítimos os motivos de impedimento, conforme acordos e convenções internacionais, e autorizou repatriar".

Acompanhado do filho pequeno, da mulher grávida e da sogra, Abuumar foi barrado pela Polícia Federal quando desembarcou no Brasil vindo da Malásia - a família dele tem nacionalidade malaia. Na ocasião, ele recebeu um documento de inadmissão dos agentes. "Eles resolveram voltar hoje por vontade própria, depois que souberam da decisão judicial", acrescentou a PF.

A defesa de Abuumar e associações palestinas questionaram a ação da PF, afirmando que ele não tem relação com grupos terroristas e que não há nenhuma acusação formal contra ele.

"Isso não procede. Ele é um intelectual que defende a causa palesltina, o fim da perseguição palestina e o direito ao território palestino", afirmou o advogado Bruno Henrique de Moura. Segundo o advogado, ele é professor universitário e diretor do Centro de Pesquisa e Diálogo da Ásia, Oriente Médio, que tem sede em Kuala Lumpur.

A Justiça federal brasileira considerou legal a ação da PF, assim como o Ministério Público Federal (MPF). A defesa disse que vai recorrer da decisão no Tribunal Regional Federal da 3ª Região.

Conforme registros em seu passaporte, Abuumar já havia viajado ao Brasil no ano passado, antes da guerra entre Israel e o Hamas. A defesa informou que o motivo da nova vinda dele era visitar o irmão, que mora em São Bernardo do Campo (SP). "Houve ilegalidade na condução disso tudo", disse o advogado.

Neste sábado, o deputado João Daniel (PT-SE) saiu em defesa do palestino e enviou ofícios aos ministérios da Justiça e das Relações Exteriores, pedindo explicações sobre a "real situação" dele e a "garantia da sua segurança e integridade".

"Segundo informações extraoficiais, a razão para essa inadmissão está relacionada a alegações de que o cidadão palestino teria ligações com grupos terroristas. No entanto, até o momento, não foram apresentadas provas, documentos ou ofícios que confirmem tais alegações", escreveu o deputado, no ofício.

 

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