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País tem problema gigantesco de violência policial, diz ONU

O tema tem feito parte da agenda da ONU no Brasil, com críticas frequentes ao número de pessoas mortas nas mãos da polícia


	Jovens correm da Polícia Militar durante protesto contra o aumento das passagens: tema tem feito parte da agenda da ONU no Brasil
 (Nelson Almeida / AFP)

Jovens correm da Polícia Militar durante protesto contra o aumento das passagens: tema tem feito parte da agenda da ONU no Brasil (Nelson Almeida / AFP)

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Da Redação

Publicado em 1 de fevereiro de 2016 às 11h46.

Genebra - O Brasil enfrenta um "problema gigantesco" de violência policial e de afro-brasileiros que não se sentem seguros. O alerta foi feito por Zeid Al Hussein, alto comissário da Organização das Nações Unidas (ONU) para Direitos Humanos.

O tema tem feito parte da agenda da ONU no Brasil, com críticas frequentes ao número de pessoas mortas nas mãos da polícia.

Nesta segunda-feira, 1º, o número 1 das Nações Unidas para direitos humanos contou que esteve no Brasil no fim de 2015 e que um dos assuntos tratados em reuniões fechadas foi justamente a violência policial. "Falamos sobre isso em reuniões e tivemos contato com a sociedade civil, e brasileiros que sabiam muito do assunto", disse.

"Os problemas são gigantes e as demanda no Brasil são substanciais, dada a condição econômica muito difícil e o contexto político", afirmou Zeid.

"O Brasil está sob muita pressão, mas a necessidade de assegurar que a população afro-brasileira tenha seis direitos protegidos precisa ser mantida e todos os casos de violência precisam ser investigados", defendeu.

"Aqueles suspeitos de conduzir ou cometer violações aos direitos humanos, sejam eles da polícia ou não, precisam ser punidos. Trata-se de algo muito sério", insistiu.

Valores

Zeid ainda criticou o fato de que, por anos, países como o Brasil foram elogiados ou apontados como exemplos apenas por causa das "taxas de crescimento econômico que registravam" .

"Os economistas prevaleceram sobre os direitos humanos. Países são respeitados por seu PIB (Produto Interno Bruto), por seu déficit e desemprego. Mas quais são os valores que eles representam de fato?", questionou.

"Há uma forma de olhar os países considerando apenas a economia e isso não diz tudo. Precisamos olhar a outros direitos", disse.

"Olhe para a Tunísia e o Egito. Eles estavam à caminho de cumprir as Metas do Milênio. Mas a dignidade de sua população não estava sendo respeitada. E aí tivemos revoltas em 2011", contou.

"Em muitos casos de crescimento econômico, a dignidade das pessoas não estava sendo respeitada", alertou. "O desenvolvimento, sem um sistema de valores, não é suficiente."

Para ele, a situação é similar a de uma "castelo de cartas". "Com um golpe, tudo vem abaixo pois o Estado não existe de fato. Criam aparências de Estado, mas se ele existe mesmo é outra questão", disse.

No caso do Brasil, ele reconhece que "existe uma completa abertura e reconhecimento sobre a gravidade do problema".

"Não há uma tentativa de ser defensivo e há um entendimento de que o Brasil enfrenta um teste severo nesta área e que a maioria dos brasileiros afrodescendentes sentem inseguros nas zonas urbanas e de que não tem a mesma proteção da polícia", disse.

"O primeiro passo para lidar com um problema é reconhecer que ele existe", completou.

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