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País sofre com desabastecimento no 7º dia da greve dos caminhoneiros

Alguns postos de gasolina começaram a ser reabastecidos, mas imediatamente formaram-se filas quilométricas de veículos.

Pessoas formam fila para abastecer em posto em Curitiba, devido à greve dos caminhoneiros (Rodolfo Buhrer/Reuters)

Pessoas formam fila para abastecer em posto em Curitiba, devido à greve dos caminhoneiros (Rodolfo Buhrer/Reuters)

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AFP

Publicado em 27 de maio de 2018 às 17h59.

Última atualização em 27 de maio de 2018 às 18h01.

O Brasil enfrenta graves problemas de abastecimento neste domingo (27), no sétimo dia da greve dos caminhoneiros contra a alta no preço do diesel, embora o governo diga que a situação está a caminho da normalização.

Para tentar limitar os danos, as autoridades começaram na sexta-feira a escoltar caminhões-tanque para chegar às refinarias, depois de o presidente Michel Temer ter autorizado a mobilização das forças federais, inclusive as Forças Armadas, para liberar as rodovias.

Segundo o último boletim da Polícia Rodoviária Federal, 586 estradas continuavam parcialmente bloqueadas em todo o país na noite de sábado. Praticamente todos os postos estavam sem combustível e os alimentos frescos desapareceram das gôndolas.

"Estamos caminhando no horizonte de normalizar a situação (...) Não é rápido", disse o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Sergio Etchegoyen, em coletiva de imprensa no sábado.

Mas o tempo urge em um país que tenta deixar para trás uma recessão histórica e onde 60% dos transportes de mercadorias são feitos em caminhões.

Nos cinco primeiros dias, a greve custou mais de 10 bilhões de reais para a economia brasileira, segundo cálculo do jornal Folha de S. Paulo, que compilou estimativas dos principais setores da economia.

Universidades fechadas

Temer autorizou por decreto, também no sábado, a requisição de veículos privados "necessários para o transporte de mercadorias consideradas essenciais pelas autoridades".

"O Brasil não será refém [de nenhum setor], e o governo do presidente Temer está decidido a utilizar todos os seus recursos para garantir isso", advertiu o ministro de Segurança Pública, Raul Jungmann.

A prioridade são aeroportos, termelétricas e retomar o abastecimento de insumos em centros de saúde, onde a paralisação afetou o sistema de transplante de órgãos.

No Rio, o sistema BRT de ônibus articulados que transitam por faixas exclusivas ficou parcialmente interrompido devido à falta de combustível. Linhas de ônibus em vários estados também pararam de funcionar na manhã de sábado devido à falta de abastecimento, mas foram reativadas à noite, com a chegada de caminhões-tanque. No domingo, operavam a 20% de sua capacidade.

As universidades públicas já anunciaram que vão permanecer fechadas na segunda-feira.

Na maioria das grandes cidades do País, apenas um serviço emergencial de ônibus operava no domingo com o objetivo de economizar combustível para a segunda-feira.

Em pelo menos oito dos 27 estados brasileiros, alguns postos de gasolina começaram a ser reabastecidos, mas imediatamente formaram-se filas quilométricas de veículos.

A situação permanece crítica em alguns aeroportos: em 14 deles o querosene de aviação é escasso. O de Brasília recebeu os primeiros caminhões-tanque da tarde de sábado, mas na manhã deste domingo três voos haviam sido cancelados.

Todos contra o governo

Apesar de todos os inconvenientes, o movimento dos caminhoneiros é apoiado por boa parte da população, que critica a gestão da crise por parte do impopular governo Temer.

A cinco meses das eleições presidenciais de outubro, a greve desperta certa simpatia, tanto da direita quanto da esquerda.

Situado em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, o candidato Jair Bolsonaro (PSL/RJ), se declarou "100% a favor dos caminhoneiros", mas contrário ao bloqueio das estradas.

Parlamentares do PT também expressaram apoio à paralisação, atribuindo à política econômica do governo Temer o aumento nos preços dos combustíveis.

O diesel registra fortes aumentos recentemente, devido à elevação nos preços do petróleo e à nova política comercial da Petrobras, que se alinha desde o fim de 2016 com a cotação internacional.

Durante o governo de Dilma Rousseff (2011-2016), os preços dos combustíveis eram controlados pelo governo. Em 2016, a presidente foi destituída acusada de maquiar as contas públicas e substituída por seu vice, Michel Temer.

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