Pobreza: proporção de pessoas em pobreza severa passou de 0,7% para 0,5% (Keith Levit/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 24 de julho de 2014 às 09h18.
Brasília - O índice de brasileiros em situação de pobreza multidimensional caiu 22,5% em seis anos, revelou hoje (24) o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
Segundo levantamento do órgão, a parcela da população brasileira com privação de bens caiu de 4% para 3,1%, entre 2006 e 2012.
A fatia da população próxima à pobreza multidimensional caiu de 11,2% para 7,4%.
A proporção de pessoas em pobreza severa passou de 0,7% para 0,5% na mesma comparação.
Os números constam do Relatório de Desenvolvimento Humano de 2014.
Além de publicar o ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 187 países, o documento apresentou o Índice de Pobreza Multidimensional (IPM) para 91 países.
Foi divulgada também a comparação do IPM com anos anteriores de 39 deles.
Diferentemente do IDH, que estima o grau de desenvolvimento com base na expectativa de vida, na renda e na educação, o IPM usa critérios mais abrangentes para avaliar o padrão de vida de um país.
Esse índice leva em conta indicadores de saúde (nutrição e mortalidade infantil), educação (anos de estudo e taxa de matrícula) e a qualidade do domicílio (gás de cozinha, banheiro, água, eletricidade, piso e bens duráveis).
Outra diferença está no uso de dados nacionais. O IDH é construído com estatísticas do Banco Mundial, da Organização Mundial do Trabalho e da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
O Índice de Pobreza Multidimensional, no caso do Brasil, baseia-se na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo Andréa Bolzon, coordenadora do Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil, o IPM não permite a comparação entre países por causa da falta de padronização dos dados internacionais.
“A melhor maneira de comparar o Brasil é com ele mesmo. Os indicadores mostram que há uma evolução significativa na redução da pobreza multidimensional.”
De acordo com ela, o principal objetivo do IPM é retratar a pobreza não apenas em função da renda.
Pelos padrões internacionais, a linha de pobreza está fixada em US$ 1,25 por pessoa por dia.
“O Índice Multidimensional de Pobreza procura não captar apenas a renda, mas as condições materiais de sobrevivência.”
Pelo critério tradicional de medição, o índice de pobreza no Brasil é maior que a pobreza multidimensional.
De acordo com o Pnud, 6,14% da população brasileira ganhava menos que US$ 1,25 diários em 2012. No México, ocorre o contrário.
A pobreza multidimensional atingia 6% da população, enquanto a pobreza com base na renda mínima afetava apenas 0,72% no mesmo ano.
“O IPM, na verdade, reflete o modo de vida e a estrutura de cada sociedade”, esclarece a coordenadora.