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Pagot diz à CPI que pediu recursos para campanha de Dilma

Luiz Antônio Pagot disse nesta terça-feira, em depoimento à CPI do Cachoeira, que fez pedidos a empresas para que doassem recursos à campanha da presidente Dilma

Pagot demonstra aos parlamentares que todas as decisões do órgão são tomadas por ele e outros seis diretores (Wilson Dias/ABr)

Pagot demonstra aos parlamentares que todas as decisões do órgão são tomadas por ele e outros seis diretores (Wilson Dias/ABr)

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Da Redação

Publicado em 28 de agosto de 2012 às 17h09.

Brasilia - O ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antônio Pagot disse nesta terça-feira, em depoimento à CPI do Cachoeira, que fez pedidos a empresas que tinham contrato com a autarquia para que doassem recursos para a campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010.

Segundo ele, algumas empresas chegaram a lhe enviar comprovantes dos depósitos feitos oficialmente para o comitê de campanha do PT. Pagot também revelou que foi procurado pelos ex-senadores e então candidatos ao governo dos seus Estados Ideli Salvatti (PT-SC) e Hélio Costa (PMDB-MG).

"Fui procurado pelo tesoureiro da campanha da presidente Dilma (deputado federal pelo PT-SP, José de Filippi) e ele me pediu ajuda", relatou Pagot, que comandou o Dnit entre 2007 e 2011.

"Eu não arrecadei para campanha eleitoral", disse o ex-diretor do Dnit. "Mostrei para ele (Filippi) um rol das empresas que trabalhavam no Dnit. Eram 369 empresas", explicou Pagot ao ser questionado pelo relator da comissão, deputado Odair Cunha (PT-MG).

"Eu, naturalmente, encontrando alguns empresários ou procuradores (das empresas), acreditando que não estava cometendo nenhuma ilegalidade... pedi sim que, se pudessem, fizessem essa doação", relatou o ex-diretor.


Pagot deixou o Dnit em julho do ano passado, depois de denúncia publicada na mídia apontar que as cúpulas do Ministério dos Transportes e da autarquia participavam de um esquema que cobrava até 5 por cento de cada projeto contratado para distribuir a políticos ligados ao PR, partido presidido pelo então ministro Alfredo Nascimento.

Após a denúncia, a presidente Dilma Rousseff exonerou toda cúpula da área de transportes.

O deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), que integrou a coordenação da campanha do PT em 2010, negou o pedido de dinheiro ao ex-diretor.

"Nunca ouvi falar que o Pagot pediria dinheiro para a campanha", disse.

"Eu não sei se o que ele falou é verdade, mas também não acho comprometedor o que ele disse", afirmou o petista à Reuters.

Pagot afirmou ainda que foi procurado pelo tesoureiro também no segundo turno e, ao ser confrontado pelo deputado Rubens Bueno (PPS-PR) com uma lista de 12 empresas que teriam doado para a campanha do PT, o ex-diretor confirmou ter procurado os representantes daquelas empresas para pedir doações.

"Essas empresas (listadas por Bueno) eu contatei por meio de seus diretores e procuradores. A quantidade de empresas que eu fiz contato foi um pouco maior até", disse Pagot, convocado à CPI para explicar declarações que fizera à mídia de que teria sido procurado, enquanto comandava o Dnit, para indicar doadores para financiar as campanhas presidenciais de 2010.

Pagot estimou que as empresas procuradas por ele podem ter doado até 6 milhões de reais para a campanha de Dilma. "Eu acredito que entre 5,5 e 6 milhões de reais (foram arrecadados) nesse rol de empresas", disse o ex-diretor.


Para o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), membro da CPI mista, a atitude do ex-diretor do Dnit é grave e pode lhe causar problemas.

"O servidor público não pode pedir qualquer tipo de vantagem, de qualquer tipo, para si ou para outrem", argumentou Teixeira.

Nenhum parlamentar petista ou de partidos aliados contestou as declarações de Pagot durante o seu depoimento na comissão.

Segundo Pagot, a atual ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, foi ao seu gabinete para tratar de obras em Santa Catarina e ao final da reunião administrativa pediu que ele indicasse empresas que poderiam fazer doações para sua campanha para governadora em Santa Catarina.

"Ela disse: 'Sou candidata e preciso que me indique empresas para que possa buscar recursos'", afirmou.

"Não pediu para eu pedir doação. Eu disse para ela que não poderia fazer isso. Tenho certeza que na oportunidade ela ficou contrariada", afirmou o ex-diretor.

Em nota, a ministra disse que jamais procurou Pagot para "solicitar recursos para campanhas ou mesmo indicações de empresas para esse fim".

Ele relatou ainda que o ex-senador Hélio Costa também foi procurá-lo para pedir ajuda na arrecadação de dinheiro para a campanha em Minas Gerais e chegou a fazer ameaças quando ouviu uma negativa.

"Pede audiência e entra no meu gabinete o ex-ministro Hélio Costa... e pede para indicar empresas para que ele pudesse fazer arrecadação", contou. "Eu disse que não aceitava e que não era no Dnit que ele ia conseguir esse apoio", acrescentou Pagot.

"Quando ele viu da minha negativa e da minha firmeza da negativa disse: 'Vou me eleger governador de Minas Gerais e a primeira atitude minha será te tirar do Dnit.'".

Procurado pela Reuters por telefone, Costa não pôde ser localizado.


Segundo Pagot, ele não atendeu aos pedidos dos ex-senadores, porque achava que já estava ajudando a coordenação de alianças de Dilma, comandado pelo PT.

"Eu estava atendendo o arco de alianças e não particularizando cada candidato ou cada pessoa que fosse candidato", argumentou.

"CONVERSA DE BOTEQUIM" O ex-diretor do Dnit também foi questionado sobre uma entrevista que concedeu recentemente indicando que o ex-diretor da Dersa, empresa paulista responsável por obras de transportes, Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, tentava aditar o contrato da obra do rodoanel em São Paulo para que parte do dinheiro fosse desviado e alimentasse o caixa de campanha do então candidato à Presidência pelo PSDB, José Serra.

Pagot disse que fez esses comentários a um repórter, relatando uma conversa que teve com um amigo, mas que fez uma ponderação deixada de lado na matéria.

"Isto é uma conversa de bêbado, de botequim. Isso é conversa que não se pode provar. Essa foi a observação que fiz ao repórter. Posteriormente, o repórter usou o que quis (da entrevista)", argumentou Pagot.

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