Eliseu Padilha: expectativa é de que ministro apareça na "lista de Janot" de investigados após delação da Odebrecht (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 13 de março de 2017 às 11h14.
Brasília - O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, retorna aos trabalhos nesta segunda-feira, 13, após 15 dias afastado do Palácio do Planalto por causa de uma cirurgia para a retirada da próstata.
"Amanhã (segunda-feira) retornarei às atividades, se Deus permitir", disse Padilha à reportagem neste domingo (12). O ministro já convocou uma reunião com líderes da Câmara para discutir reforma da Previdência.
Homem forte do governo Michel Temer, Padilha retorna ao ministério em meio à expectativa de ter seu nome na lista de pedidos de abertura de inquérito decorrentes das delações de executivos da Odebrecht.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deve entregar a relação esta semana ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Fontes do governo afirmam que Padilha é peça fundamental na interlocução com o Congresso para garantir a aprovação das mudanças na Previdência e de outras reformas consideradas fundamentais para o governo Temer.
"O Padilha é importante para o governo. E a reforma da Previdência é uma prioridade para o País", disse o presidente da comissão da reforma, deputado Carlos Marun (PMDB-MS).
A ausência do ministro à frente da articulação política com a Câmara foi sentida pela equipe econômica. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, assumiu esse papel nas últimas semanas, auxiliado pelo secretário de Previdência, Marcelo Caetano, mas a avaliação é que Padilha tem o perfil adequado para esse "enfrentamento" com os parlamentares.
"Ele (Padilha) tem um poder de articulação que está fazendo falta. Se ele não voltar ao trabalho, o governo terá que encontrar um outro nome para fazer essa linha de frente", disse uma fonte da área econômica. Segundo esse interlocutor, o ministro sabe ser firme na negociação política e tem bom trânsito no Congresso.
A licença médica de Padilha coincidiu com a crise provocada pelo depoimento do ex-assessor da Presidência José Yunes à Procuradoria-Geral da República, que levou a investigação da Lava Jato para dentro do Planalto.
Yunes procurou o Ministério Público para acusar o ministro da Casa Civil de ser o mandante da entrega de um "pacote", no seu escritório de advocacia, em São Paulo, na campanha de 2014.
A história já havia sido relatada na delação do ex-executivo da Odebrecht Cláudio Melo Filho, mas Yunes pôs combustível na crise ao dizer que atuou como "mula involuntária" de Padilha.
Na versão de Yunes, a encomenda foi entregue a ele pelo operador financeiro Lúcio Funaro, homem da confiança do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Alvos da Lava Jato, Funaro e Cunha estão presos. Amigo de Temer há 40 anos, Yunes deixou o governo quando veio a público a delação de Melo Filho.
Diante das revelações, chegou-se a especular que Padilha poderia não voltar ao governo. O Planalto sabe que um pedido de abertura de inquérito contra Padilha aumentará a pressão para que ele deixe o cargo, mas como Temer já criou uma linha de corte para os ministros envolvidos na Lava Jato, ele só será afastado se virar réu.
Padilha também foi citado pelo ex-executivo da Odebrecht José de Carvalho Filho durante depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na sexta-feira.
O ministro tinha pelo menos quatro senhas para o pagamento de caixa 2 ao PMDB. O valor total destinado ao partido chegaria a R$ 5 milhões.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.