No documento, Pacheco afirma que se o monitoramento ilegal for confirmado constitui afronta às prerrogativas parlamentares (Jefferson Rudy/Agência Senado/Flickr)
Agência de notícias
Publicado em 1 de fevereiro de 2024 às 08h18.
Última atualização em 1 de fevereiro de 2024 às 08h19.
O presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), enviou um ofício nesta quarta-feira, 31, ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes pedindo a lista dos nomes de deputados e senadores que teriam sido espionados por uma “agência paralela” dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
No documento, Pacheco afirma que se o monitoramento ilegal for confirmado constitui afronta às prerrogativas parlamentares, “especialmente quanto à garantia de livre exercício do mandato e do sigilo de suas fontes”. Ele pede informações sobre a existência de indícios de monitoramento ilegal, informações relacionadas ao procedimento adotado pelos investigados, extensão e o conteúdo de informações relacionadas aos parlamentares.
A Polícia Federal apontou que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) utilizou, “sob as ordens de Alexandre Ramagem”, a ferramenta FirstMile para monitorar ilegalmente pessoas, como o então presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. Essa informação consta na decisão de Moraes.
Antes de enviar o ofício, Pacheco recebeu na presidência do Senado, o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ). Eles conversaram na saída da reunião com senadores da oposição, e os dois conversaram por menos de cinco minutos. Não houve uma reunião formal, segundo interlocutores. Ramagem avaliou o evento como positivo e disse que falou com Pacheco sobre “atribuições parlamentares”.
Na quinta-feira passada, a Polícia Federal realizou uma operação para apurar suspeitas de espionagem ilegal na Abin. O alvo foi o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), delegado da Polícia Federal e homem de confiança do clã Bolsonaro que dirigiu a Agência Brasileira de Inteligência durante boa parte do governo Bolsonaro.
Ramagem foi escolhido para assumir a Abin após ter coordenado a segurança de Jair Bolsonaro durante as eleições presidenciais em 2018. O delegado federal se aproximou de Carlos Bolsonaro, que o apoiou durante a campanha para deputado federal em 2022.
Reportagem do GLOBO, publicada de março do ano passado, mostrou que a Abin utilizou um programa secreto chamado FirstMile para monitorar a localização de pessoas pré-determinados por meio dos aparelhos celulares durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL). Após a reportagem, publicada em março, a PF abriu um inquérito e identificou que a ferramenta foi utilizada para monitorar políticos, jornalistas, advogados e adversários do governo.