A Prefeitura de São Paulo vai lançar licitação de R$ 350 milhões para a concessão à iniciativa privada do Estádio do Pacaembu (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 11 de junho de 2013 às 11h45.
São Paulo - A gestão do prefeito Fernando Haddad (PT) vai lançar licitação de R$ 350 milhões para a concessão à iniciativa privada do Estádio do Pacaembu, na zona oeste de São Paulo.
O governo desistiu de reformar o espaço com captação de verbas da União, por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), após receber visitas de empresas interessadas em administrar o estádio e transformá-lo em arena multiuso para shows e eventos esportivos.
"Não queremos gastar nenhum centavo de dinheiro público nessa transformação do estádio em arena moderna, igual às que estão ficando prontas para a Copa. Vai ser um espaço ideal para lutas do UFC e para shows", disse o secretário de Esportes, Celso Jatene.
"A licitação tem de estar na rua até o fim do ano. O objetivo é o de que ele fique pronto no ano da Copa também", acrescentou Jatene, que discutiu, na segunda-feira, 10, durante audiência na Câmara Municipal a organização da Copa de 2014 na capital.
Prestes a serem inauguradas as arenas do Corinthians (prevista para receber a abertura da Copa) e do Palmeiras (que deve servir como arena de treino para seleções), o Estádio do Pacaembu, com custo de manutenção atual em R$ 11 milhões por ano, corre o risco de ficar sem utilização. "A transformação do estádio precisa começar agora. Esse é o objetivo do nosso governo", acrescentou o secretário.
Veto do MP
A realização de shows no Pacaembu, porém, está vetada pelo Ministério Público do Estado de São Paulo desde 2004, após a morte de um jovem durante show da banda Racionais MCs na Praça Charles Muller.
Quem moveu a ação para acabar com eventos musicais no estádio foi a associação de moradores Viva Pacaembu. No ano passado, a Promotoria de Urbanismo chegou a mover ação contra o ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) após a liberação do local para um evento para 50 mil pessoas da Igreja Universal, em outubro.
"A Prefeitura só pensa o Pacaembu de forma mercantilista. Ele foi construído com dinheiro do contribuinte e poderia ser usado por dezenas de escolas estaduais sem espaço físico para a prática de esportes. Não se pode pensar o estádio só como forma de ganhar dinheiro. Temos de transformá-lo em um espaço para a prática esportiva voltada a crianças mais carentes", defende Iênides Demsati, presidente da Associação Viva Pacaembu.
A Prefeitura argumenta que vai propor a assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público do Estado e com a Associação Viva Pacaembu.
"Queremos colocar no termo a previsão de um número limitado de shows e com horário predeterminado para o fim. A associação de moradores vai participar de todas as discussões sobre a concessão", argumentou o secretário municipal de Esportes.
A reportagem procurou ontem à noite para comentar o caso o promotor de Urbanismo, Maurício Antonio Ribeiro Lopes, mas ele não foi localizado até as 20h30.