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"Ozônio é um santo remédio e tratamento seguirá", diz prefeito de Itajaí

Volnei Morastoni (MDB), virou notícia ao defender ozônio retal contra o novo coronavírus, mesmo sem nenhuma comprovação da eficácia do tratamento

O Conselho Federal de Medicina emitiu um alerta afirmando que médicos que realizarem a "ozonioterapia" podem ser punidos (Facebook/Reprodução)

O Conselho Federal de Medicina emitiu um alerta afirmando que médicos que realizarem a "ozonioterapia" podem ser punidos (Facebook/Reprodução)

LA

Lucas Amorim

Publicado em 7 de agosto de 2020 às 09h44.

Última atualização em 7 de agosto de 2020 às 11h57.

Volnei Morastoni (MDB), prefeito de Itajaí (Santa Catarina), virou notícia nacional esta semana ao divulgar um tratamento contra o novo coronavírus usando ozônio. “Uma aplicação simples (de ozônio), rápida, de dois ou três minutinhos por dia, provavelmente via retal, num cateterzinho", afirmou em live transmitida na terça-feira.

Desde então, choveram memes e reações sobre a declaração. O Conselho Federal de Medicina emitiu um alerta afirmando que médicos que usem a chamada "ozonioterapia" podem ser punidos. "Não e um procedimento inócuo. É invasivo e expõe o paciente a risco, como a perfuração do intestino grosso", afirmou Mauro Luiz de Britto Ribeiro, presidente da instituição, ao jornal O Globo.

Na manhã desta sexta-feira, Morastoni voltou a se posicionar sobre a ozonioterapia, em entrevista ao jornal Bom Dia Santa Catarina, da rede NSC. E ele não recuou. Segundo verificação do Projeto Comprova, não há nenhuma comprovação científica da eficácia do tratamento.

O próprio Ministério da Saúde reafirmou que “de acordo com nota técnica publicada em abril deste ano, o efeito da ozonioterapia em humanos infectados por coronavírus (Sars-Cov-2) ainda é desconhecido e não deve ser recomendado como prática clínica ou fora do contexto de estudos clínicos”.

Morastoni disse que a chacota e a desinformação permearam o debate, mas que ficou satisfeito por dar visibilidade a um "tema importante para a saúde pública". "Sempre lutamos para ter mais leitos -- já quadruplicamos a oferta -- mas fica um vazio na atenção primária", diz.

"Ozônio é uma prática secular usada no mundo todo. Itajaí se inscreveu para participar de um estudo nacional, para que a prática da ozonioterapia pudesse ser testada para pacientes positivos com sintomas tratados ambulatorialmente", disse.

"Mais de 250 doenças são tratadas com ozônio. Ele atua na cascata de reações inflamatórias e ainda atua para melhorar as trocas gasosas e liberar oxigênio do corpo". Seria o suficiente, segundo o prefeito, para evitar que pacientes em estágio inicial de covid-19 precisem de respiradores.

Segundo Morastoni, 146 pacientes serão tratatos provavelmente a partir de semana que vem, dentro de um projeto levado adiante pela Associação Brasileira de Ozonioterapia.

Para ele, os alertas do Conselho Federal de Medicina não se aplicam a Itajaí porque a cidade está participando de um estudo nacional aprovado por protocolos. "Nosso Conselho Federal de Medicina, com todo o respeito de minha formação de médico, precisa se atualizar. O mundo todo usa ozônio. É um santo remédio. Os benefícios sao extraordinários", disse.

"O Conselho Federal de Medicina se referia a um uso amplo, e não a essa pesquisa limitada de que estamos participando. Não é para todos. É um número delimitado e criterioso". O custo para o município, segundo ele, será de 40 mil a 50 mil reais para fazer "um estudo importantíssimo para a saúde pública do país".

Morastoni aproveitou para defender outro tratamento que tem gerado polêmica, o da ivermectina. O remédio, um vermífugo, tal qual a cloroquina, vem sendo usado para tratar a covid-19 apesar da falta de eficácia comprovada por estudos científicos.

O prefeito de Itajaí afirmou que vai provar que o remédio reduziu a mortalidade na cidade. Segundo ele, dos 60 óbitos recentes, "90% foram dos que não tomaram ivermectina".

O prefeito defendeu ainda as práticas de isolamento social e de distanciamento -- fundamentais, segundo ele, para reduzir o avanço da pandemia. Nem só de polêmicas vive a administração da cidade catarinense de 220.000 moradores.

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