O dentista Alexandre Peçanha Gaddy teve 60% do corpo queimado na noite de anteontem em um assalto em São José dos Campos (Sean Gallup/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 29 de maio de 2013 às 08h16.
São José dos Campos - Um mês após Cinthya Magaly Moutinho de Souza ser queimada viva em seu consultório em São Bernardo do Campo, o também dentista Alexandre Peçanha Gaddy teve 60% do corpo queimado na noite de anteontem em um assalto em São José dos Campos.
Seu estado de saúde é grave. Ontem, o Conselho Regional de Odontologia (CRO-SP) anunciou a criação de uma linha direta para denúncias de violência - representantes da entidade se encontrarão hoje com o secretário da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira.
Dois bandidos encapuzados invadiram o consultório de Gaddy, de 41 anos, às 20h58 de segunda-feira e atearam fogo em seu corpo por não terem encontrado dinheiro - Cinthya morreu porque bandidos acharam apenas R$ 30 em sua conta.
Mariane Peçanha Gaddy, irmã da vítima, disse que o dentista encerrava o trabalho às 18h, mas anteontem ficou até mais tarde para esterilizar equipamentos. O portão do consultório, na Rua dos Periquitos, 923, na Vila Tatetuba, tem chave elétrica, mas há aviso de que o equipamento está quebrado e é preciso chamar a recepcionista, que já havia ido embora.
Não há sinais de arrombamento. À polícia, o dentista contou que foi levado ao banheiro do imóvel, amarrado com a corda de uma cortina e, em seguida, queimado. Foram encontrados um isqueiro e uma garrafa de álcool.
O comerciante Mauro Lopes Duarte, que passava pelo local, ouviu o pedido de socorro. "Escutei gritos de ai, ai, ai , como se alguém estivesse com muita dor." Duarte chamou a polícia. "Quando arrombamos a porta, ele estava ajoelhado, todo queimado no rosto, na barriga e no peito. Ele estava agonizando."
Gaddy foi levado ao Hospital Municipal Doutor José de Carvalho Florence. "São queimaduras de até 3.º grau. O risco de infecção é alto, ele está com respirador, sedado e tem quadro de insuficiência respiratória e renal", disse José Roberto Tavares, diretor da Santa Casa, para onde Gaddy foi transferido ontem. Há risco de vida. Ele é separado e tem dois filhos - um menino de 10 anos e uma menina de 4.
Segundo o delegado seccional, Leon Nascimento Ribeiro, nada foi levado. "Os bandidos podem ter desistido do roubo depois dos gritos." Imagens de câmeras de vizinhos serão usadas pela polícia. As de uma oficina gravaram um homem correndo às 21h01. A viatura de polícia chega às 21h05.
Repúdio
O CRO-SP cobrou, em nota, "atitudes urgentes e rigorosas por parte do governo e das autoridades de segurança pública". Ao secretário, o órgão vai pedir uma delegacia especializada em profissionais de saúde.
"Queremos um atendimento específico e um setor de mapeamento dessas ocorrências", afirmou o diretor da entidade, Marco Antonio Manfredini. Além da criação do 0800 em até duas semanas, será publicada uma cartilha com dicas de segurança em consultórios.