Marun: o deputado é um dos principais integrantes da tropa de choque de Temer no Congresso (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 12 de setembro de 2017 às 16h24.
Brasília - A escolha do deputado Carlos Marun (PMDB-MS) para ser o relator da CPI mista da JBS provocou uma nova baixa na comissão.
O senador Otto Alencar (PSD-BA), que faz parte da base aliada, acusou o colegiado de ser "chapa branca" e deixou a reunião irritado. Na saída, inclusive, bateu a porta da sala.
Marun é um dos principais integrantes da tropa de choque de Michel Temer no Congresso e seu nome enfrenta resistência.
Parlamentares afirmam que a intenção do Planalto ao colocar Marun na função é usar a CPMI para atacar os delatores da JBS e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Temer é o principal alvo da delação da JBS.
"Essa CPI é chapa branca para fazer o que o Palácio do Planalto quer. Estou envergonhado pelo senhor ter ido ao Palácio e ter indicado o maior representante do governo aqui", afirmou Alencar ao presidente da comissão, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), que se encontrou com Temer no fim de semana no Palácio do Jaburu. O senador tucano, no entanto, negou que o assunto tratado tenha sido a CPI.
A saída de Alencar é a segunda baixa na comissão. O senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) também havia deixado a CPI mais cedo por causa da escolha de Marun. "Esta comissão não pode ser ajuste de contas. Isto deforma o sentido da investigação", disse Ferraço ao justificar a saída.
Na pauta da reunião desta terça-feira da CPI estão a convocação dos delatores da JBS, além do ex-procurador Marcello Miller, suspeito de ter orientado o acordo de delação enquanto ainda atuava na Procuradoria-Geral da República.