Rosário Central e River Plate: apesar de o futebol argentino ainda não ter voltado, River têm conseguido alto número de interações nos posts (Gabriel Rossi/LatinContent/Getty Images)
Carolina Riveira
Publicado em 14 de agosto de 2020 às 16h39.
Última atualização em 14 de agosto de 2020 às 19h44.
A pandemia que paralisou o futebol no Brasil por três meses fez os times olharem como nunca para as redes sociais e como usá-las para se aproximar dos torcedores — e ganhar dinheiro durante a parada. Agora, com a bola voltando a rolar mas ainda sem torcida nos estádios, a estratégia precisará continuar. Um novo estudo da consultoria Sports Value joga luz sobre como os times brasileiros e sul-americanos estão usando as redes sociais e o que podem ganhar com elas.
O time que mais se destaca na região é o Flamengo, que tem 33 milhões de seguidores no Facebook, Instagram, Twitter e YouTube, somados (um mesmo torcedor pode seguir o clube em várias redes). Os dados foram compilados entre 1º e 30 de julho.
Em seguida vêm Corinthians, América do México e Boca Juniors e River Plate, ambos da Argentina, completando o top 5 em número de seguidores. Há ainda entre os dez maiores nas redes São Paulo, Chivas, do México, Palmeiras, Atlético Nacional de Medellín, da Colômbia, e Santos.
Mas os brasileiros têm espaço para avançar sobretudo no que o estudo chama de "eficiência", isto é, o número de interações por post.
O Flamengo perde em eficiência para o argentino River Plate no Facebook, onde fica em segundo neste quesito, mas ganha no Instagram e no Twitter. Nas outras redes, contudo, o River perde para o Flamengo e aparece em segundo, mas ainda com bons números de eficiência.
O time argentino também está na frente de Corinthians, Palmeiras e São Paulo no Instagram e no Twitter. O arquirrival Boca Juniors também vai bem, ficando entre os cinco mais eficientes nas três redes. Já os mexicanos têm alto número de seguidores, mas menos eficiência (veja abaixo a eficiência dos times no Facebook e no Instagram).
"Essa métrica de eficiência mostra quanto o post reverberou. E não tem a ver com tamanho da torcida. O número de seguidores do River é muito menor do que o Flamengo", diz Amir Somoggi, consultor da SportsValue e organizador do estudo, feito em parceria com a empresa de análise de redes sociais Zeeng.
Outro aspecto pesa em favor dos argentinos: o Brasil retomou campeonatos estaduais a partir de junho, o que alavanca a participação e as interações nas redes. Na Argentina, o futebol continua parado, e os treinos só foram liberados nesta semana. O que mostra que argentinos vêm conseguindo muita interação em seus posts mesmo sem novos jogos.
Os bons números do Nacional de Medellín são um dos destaques. "A Colômbia é um país pequeno, não está entre os maiores campeonatos da região. O Nacional mostra como é possível ter alto engajamento e números nas redes sem ter a maior torcida", diz. O clube colombiano ficou quase no mesmo tamanho nas redes que o Palmeiras, embora tenha menos torcedores.
Dentre os brasileiros, Somoggi chama a atenção para Grêmio e Santos, que têm bons resultados mesmo com torcidas menores do que Flamengo, Corinthians, São Paulo e Palmeiras (os quatro maiores em seguidores e em torcida).
Outro destaque brasileiro é a Chapecoense, que passou a ser seguida por muitos torcedores de outros times após a tragédia que vitimou parte de seu elenco em um acidente aéreo em 2017 — na ocasião, a Chape voava para a Colômbia para enfrentar o mesmo Nacional de Medellín pela final da Sul-Americana. Desde então, o clube segue fazendo um bom trabalho nas redes sociais e é o 16º latino-americano com mais seguidores, à frente de gigantes como Fluminense e Botafogo.
Os resultados mostram que os brasileiros estão entre os maiores das redes sul-americanas — pesa também a favor do Brasil números maiores de população do que argentinos, colombianos e uruguaios. Entre os mexicanos, que também têm números grandes de população e torcedores, os times brasileiros também saem na frente: o Corinthians, por exemplo, tem torcida em patamar parecido à de Chivas e América do México, mas mais seguidores na internet.
Entre as redes, os brasileiros vão muito bem no Instagram (onde há maior número de interações) e sobretudo no YouTube. Somoggi destaca a importância particular do YouTube para monetizar o número de seguidores das redes. Não só a plataforma do Google paga aos clubes por cada visualização, como é mais possível vender patrocínios nos vídeos de forma independente da plataforma.
É nessa busca por monetização que tanto os clubes brasileiro quanto os sul-americanos ainda precisam avançar em muitos aspectos, avalia Somoggi. "O Flamengo, por exemplo, teve lives com milhões de seguidores na quarentena e que usou para pedir doações. É preciso usar esses canais também para alavancar patrocínios", diz.
O YouTube foi palco ainda, durante a quarentena, de transmissões de jogos, o que fez os números de alguns canais explodir. O Fluminense, por exemplo, foi o que teve a maior taxa de visualizações por inscrito no canal. A transmissão do FlaxFlu na final do Campeonato Carioca — que envolveu discordâncias com a Rede Globo, que terminou não transmitindo o jogo — levou uma multidão de mais de 3 milhões de espectadores ao canal do Fluminense para a partida.
Dos destaques brasileiros no YouTube em assiduidade dos inscritos estão o próprio Flamengo, além de Fortaleza e Atlético Mineiro, que completam os brasileiros no top 5, seguidos pelo argentino San Lorenzo.
Ainda que essas transmissões como a do Fluminense sejam uma situação atípica, é prova do poderio do YouTube e das redes sociais dos clubes quando trazem material exclusivo, diz Somoggi. É uma lição que os times aprenderam na quarentena.
Neste fim de semana, os clubes brasileiros voltam a entrar em campo pelo Campeonato Brasileiro. Entre as partidas, o Flamengo enfrenta o Coritiba às 19h30 deste sábado, 15, o Corinthians joga contra o Grêmio às 19h e o Palmeiras joga contra o Goiás às 21h30.
No domingo, 16, entre as partidas estão São Paulo e Vasco às 16h, Fluminense e Internacional às 18h, Fortaleza e Botafogo às 19h30 e Santos e Athletico às 19h45. Seja quais forem os resultados, com a pandemia e sem torcida nos estádios, há uma certeza: as redes sociais de todos eles estarão a todo vapor.