São Paulo - O estado de Minas Gerais tem enfrentado chuvas devastadoras desde a semana passada que deixaram pelo menos 55 mortos, além de milhares de desabrigados e prejudicados.

De acordo com o boletim divulgado pela Defesa Civil estadual às 10 horas de hoje, o maior número de mortos foi registrado em Belo Horizonte (13).

Em seguida vem Betim (6); Ibirité e Luisburgo (5, em cada). 42 morreram soterradas e 11 afogadas ou por outras causas, após serem arrastadas pelas águas.

Em todo o estado há 38.703 pessoas desalojadas, ou seja, que tiveram que deixar suas casas e, provisoriamente, se alojar na casa de parentes ou amigos. Outras 8.157 pessoas, sem ter para onde ir, buscaram abrigos, na maioria das vezes improvisados em escolas ou igrejas.

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) prevê que, hoje, o céu continuará nublado, com chances de pancadas de chuva e trovoadas em boa parte de Minas Gerais.

A Defesa Civil de Belo Horizonte divulgou um quadro mostrando que o volume de chuva na cidade em janeiro está muito acima da média histórica:

Especialistas apontam, no entanto, que o poder público investe pouco e mal na prevenção e em medidas urbanísticas que poderiam mitigar o impacto de eventos climáticos extremos.

Várias ruas de Belo Horizonte ficaram cheias de lama, como mostram fotos de perfis oficiais:

📍Av. Arthur Bernardes com Rua Zoroastro Torres.
12h10 🚧⚠️Trabalho de limpeza e desobstrução da via. pic.twitter.com/KqNL1TiA9w

— OficialBHTRANS (@OficialBHTRANS) January 29, 2020

"A impressão que dá é que se cair mais uma chuva forte a cidade não vai aguentar", diz a jornalista Marina Garcia, de 29 anos.

No Shopping BH, onde ela costuma almoçar, parte do teto do shopping colapsou em vídeo divulgado nas redes sociais por veículos locais. Ninguém se feriu.

Vídeo mostra o momento exato em que parte do teto de um dos pisos do BH Shopping desabou, na noite desta terça. Chove forte também na região do Belvedere. Aguarde informações. pic.twitter.com/Q1cmCCclEL

— BHAZ (@portal_bhaz) January 29, 2020

Nos últimos dias, foram compartilhados também vídeos de carros sendo levados pela enxurrada do lado de fora de um restaurante em área nobre da cidade:

Chuva muito forte em Belo Horizonte nesse momento. As imagens feitas de dentro de um restaurante são assustadoras (externas e internas).

Mais destruição para os mineiros que já sofriam com as chuvas passadas...😞😞😞😢😢😢 pic.twitter.com/1A4Luj38T6

— Abdala Farah (@abdalafarah) January 29, 2020

A Defesa Civil recomenda que a população não atravesse as ruas e áreas alagadas a pé ou com veículos e não deixe crianças brincarem na chuva ou em enxurradas pois há risco de doenças e acidentes.

Também é pedido para que se desconecte os aparelhos elétricos da corrente elétrica para evitar curtos circuitos e não se proteger embaixo de árvores, pois elas podem cair e atrair raios.

Os Bombeiros divulgaram que estão aceitando doações em todos os batalhões, incluindo da Polícia Militar, para ajudar as vítimas:

#solidariedade #cbmmg #bombeiros #bombeirosmg #ChuvasMG pic.twitter.com/7wvMFTYgco

— Bombeiros_MG (@Bombeiros_MG) January 27, 2020

Reconstrução de Belo Horizonte

Nesta quarta-feira (29) o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, informou que vai dobrar o efetivo que trabalha nas ruas da capital em limpeza, desobstrução de vias e que novos equipamentos que serão adquiridos.

Durante coletiva de imprensa, Kalil pediu paciência para população para realização das obras e estimou que a reconstrução da cidade vai custar entre R$ 300 milhões e R$ 400 milhões. "O que aconteceu aqui, nenhuma cidade do mundo aguentaria. Paris, Nova York ou Boston".

Já o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, informou que o estado vai antecipar R$ 336 milhões aos municípios atingidos pelas chuvas. Os recursos, que fazem parte de uma dívida do estado com as cidades, servirão para atender demandas sociais. Belo Horizonte vai receber R$ 200 milhões da quantia.

Café

Segundo analistas, pesquisadores e cooperativas de cafeicultores, é improvável que as lavouras de café em áreas como o Sul de Minas e Zona da Mata sejam impactados negativamente. Ao contrário, os cafezais podem ter sido beneficiados pela umidade.

Ainda assim, existem problemas para a infraestrutura rural, com o colapso de pontes e a deterioração das estradas que ligam fazendas a armazéns das cooperativas. Houve relatos de deslizamentos de terra destruindo milhares de pés de café, mas foram ocorrências isoladas sem significado estatístico.

(Com Reuters e Agência Brasil)