Resgate: bombeiros vasculham lama tóxica em busca de sobreviventes. (Rodney Costa / dpa/Getty Images)
Vanessa Barbosa
Publicado em 1 de fevereiro de 2019 às 10h03.
Última atualização em 1 de fevereiro de 2019 às 11h07.
São Paulo - Quando a barragem de rejeitos da Vale, na cidade de Brumadinho, em Minas Gerais, se rompeu no início da tarde da última sexta-feira (25/1), varrendo tudo em seu caminho — casas, pastos, carros e principalmente vidas e histórias — deixou uma cidade em ruínas, um país em choque e centenas de famílias dilaceradas pela perda de entes queridos.
Hoje (01), a tragédia socioambiental provocada pela mineradora brasileira completa uma semana. Veja, em números, o tamanho da tragédia, até agora.
110 é o número de mortos
71 já foram identificados, segundo o Corpo de Bombeiros de Minas (número atualizado até o fechamento deste texto)
238 pessoas continuam desaparecidas (número atualizado até o fechamento deste texto)
13 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro, aproximadamente, se espalharam por Brumadinho após o rompimento da barragem do Córrego do Feijó.
98 quilômetros é a distância que a lama de rejeitos da Vale avançou a partir da barragem que se rompeu, segundo boletim de monitoramento do Rio Paraopeba divulgado na quarta-feira (30) pelo Serviço Geológico Brasileiro.
2,7 milhões de metros quadrados de cobertura florestal foram atingidos, conforme análise preliminar do IBAMA baseada em imagens de satélite e mapas anteriores ao rompimento da barragem. Isso equivale a mais de 300 campos de futebol.
20% é a estimativa feita pela Defesa Civil de quanto representa a área que ficou tomada pela lama em Brumadinho no comparativo com o território destruído no desastre da Samarco, em Mariana.
57 animais foram resgatados em Brumadinho, entre cães, pássaros, galinhas e bovinos. Alguns animais, porém, estão sendo abatidos por estarem debilitados em áreas de difícil acesso. Infelizmente, o Brasil não possui um plano ou política nacional que inclua os animais em estratégias de redução de risco em desastres.
12,6 bilhões de reais é o valor bloqueado até agora pela Justiça brasileira contra a Vale. O dinheiro será destinado para custear despesas ambientais, trabalhistas e logísticas da tragédia.
500 milhões de reais em multas e somando. A Vale foi multada pelo Ibama em R$ 250 milhões, pelo governo do estado de Minas de Gerais em R$ 99 milhões e pela prefeitura de Brumadinho em R$ 100 milhões, e ainda pela Prefeitura de Juatuba, cidade a 27 quilômetros de distância de Brumadinho, em R$ 50 milhões, pela contaminação do Rio Paraopeba.
3,2 mil reais é a multa máxima que a Agência Nacional de Mineração (ANM) pode aplicar à Vale. Irrisório, o valor é o limite estabelecido por um decreto de Michel Temer, de 2018, que regulamentou o Código Nacional de Mineração, de 1967.
100 mil reais serão destinados em caráter emergencial pela Vale para cada família das vítimas fatais do rompimento da barragem em Brumadinho. A empresa diz que a medida tem caráter voluntário e independe de indenizações.
40 milhões de toneladas de minério de ferro. Essa será a redução na produção anual da Vale após a anunciada desativação de barragens como as de Brumadinho e Mariana. Isso é o equivalente a 10% da produção total e deve custar R$ 5 bilhões em investimentos ao longo de 3 anos.
54 bilhões de reais é o valor de mercado que a Valeu perdeu desde segunda-feira (28). No dia do acidente, a Bolsa estava fechada devido ao feriado do aniversário de SP. Na segunda-feira, as ações fecharam em queda de 24,5% o que fez a empresa perder 72 bilhões em valor de mercado (a maior queda em valor de empresa em um dia). Após a derrocada das ações, a Vale anunciou um plano de ação que envolve o fim de barragens semelhantes às de Brumadinho e Mariana, o que acabou impactando no preço do minério de ferro. Com isso, as ações voltaram a subir. A alta não foi suficiente para reverter as perdas na Bolsa. Na semana, as ações da Vale acumulam queda de 18%.
Apenas 3% das 24 mil barragens existentes no país foram vistoriadas em 2017 por 29 órgãos estaduais como secretarias e institutos de Meio Ambiente e agências reguladoras federais. Os dados são do Relatório de Segurança de Barragens 2017, publicado no ano passado pela Agência Nacional de Águas (ANA) e abarca barragens voltadas à irrigação e exploração hidrelétrica, abastecimento, uso animal, aquicultura, contenção de resíduos minerais e industriais.
3.387 barragens no Brasil são enquadradas na Categoria de Risco (CRI) alto ou com Dano Potencial Associado (DPA) alto, de acordo com a Agência Nacional das Águas (ANA). Número pode ser maior porque nem todos os órgãos fiscalizadores enviam as informações completas sobre suas barragens à ANA.
3,5 milhões de pessoas (2% da população brasileira), aproximadamente, vivem em regiões onde estão localizadas barragens em risco de rompimento, aponta relatório da Agência Nacional de Águas. Rachaduras, infiltrações, falta de documentos que comprovem a segurança são alguns dos problemas detectados em 45 estruturas consideradas “vulneráveis”.